A introdução é quase como se fosse uma sonoridade de incentivo ao sono. Aquele momento de máxima inconsciência em que o indivíduo se encontra quase no acesso do sono rem. Macia, entorpecente e ligeiramente sensual, o amanhecer promove uma perfeita simetria entre o sonar do saxofone e os tilintares agudo-sintéticos vindos do sintetizador.
Enquanto isso acontece, uma voz masculina afinada em seu tom ligeiramente grave surge desenhando o enredo lírico sob uma postura falada com ligeiras pronúncias ritmadas. De leve, um silêncio se forma. Segundos de uma interrogação regada a expectativa. Rapidamente, em seguida um beat preciso e forte se faz ouvir. Como uma metáfora sonora do ato de passagem para um cenário completamente diferente, tal beat leva o espectador para um cenário amadurecido em sua essência rappeada.
Agraciada por um ritmo lírico cadenciado e fluido, a canção é embebida em uma atmosfera essencialmente macia. Tal detalhe mostra que Birds & Bullets, faixa que o Hollow Profit conta com a presença de Ben Beal, não bebe daquela ideia bruta, sombria e marginal que muito caracteriza a música rap. Ao contrário. Aqui, ela simplesmente explora a embriaguez estética como forma de promover certo grau de introspecção no espectador, fator que é definitivamente alcançado.
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