É interessante perceber que, desde seu início imediato, a composição desfila uma sensualidade tão delicada e fresca que faz com que o ouvinte sinta todo o peso do corpo evaporar, fazendo com que ele flutue em seu próprio universo sensorialmente imagético. Graças, à primeira vista, unicamente à guitarra e seu desfile brandamente rebolante, a composição consegue fazer nascer gradativos súbitos de torpor que vão envolvendo ternamente o espectador. Subitamente, a audiência é imersa em uma atmosfera irresistivelmente sincopada que, graças ao uníssono providenciado pelo compasso entre piano e uma pulsante sinergia notada através do baixo e da bateria, acaba desfilando uma sensualidade palpável. De natureza encantadoramente funkeada, All Day, Every Day ainda é engrandecida, além de uma atmosfera vívida e vibrante graças ao time de metais, uma textura adocicadamente ácida e fofa introduzida pela excentricidade do wurlitzer.
Se já em All Day, Every Day o funk era um ingrediente identificável, em Big Fat Funk! ele entra em cena com uma imponência incontrolável. Irresistível, sincopado e cheio de uma sensualidade provocantemente sínica, tal ritmo domina a cena desde a elaboração do compasso rítmico à criação da vertente melódica feita pela guitarra. Libidinosamente groovado e de energia vivaz, novamente em virtude da contribuição do sonar dos metais, a obra ainda é capaz de experienciar uma ardência tão provocante que deixa o espectador inquieto.
Nesse novo ambiente que se inicia, o Synthonic parece propor um estado de calmaria no suor. Uma tentativa de controlar a adrenalina através de uma sonoridade que já nasce envolta em uma natureza aveludada e de sabor doce. Se desenvolvendo através de uma bateria repicada e de essência curiosamente crua em relação àquelas ofertadas nas composições anteriores, a canção mantém certo grau de linearidade até o encontro daquele que parece ser seu pré-refrão. Experimentando nuances ligeiramente azedas ofertadas pela sonoridade extraída do teclado, Chameleons mistura dulçor, saliência, azedume e torpor de uma maneira encantadoramente equilibrada.
É interessante perceber que, aqui, o teclado, envolto em sua maciez entorpecidamente característica, acaba interagindo diretamente com um chiado que confere ao ambiente notas curiosas de crueza. Evidenciando flertes para com a paisagem estética do lo-fi, a canção consegue misturar as paisagens estéticas do funk, que é introduzida através do baixo, com o R&B, ritmo ofertado pela postura desdenhada pelas teclas e seus sonares açucaradamente aveludados. De bateria igualmente leve e de cadência capas de ofertar bem-vindos sensos de frescor, El Paseo se destaca por desfilar uma espécie de charme vanguardista.
Com Lampin’, o Synthonic conseguiu não apenas entregar um material meramente instrumental. O disco, cujo lançamento acontecerá dia 23 durante festival internacional de jazz e blues da cidade inglesa de Sidmouth, dá ao ouvinte a oportunidade de se perder em meio a uma viagem sensorial de torpor, de sensualidade, de libido e de veludo. Indo da delicadeza extrema ao sincopado de aparência ardente, o material traz uma coletânea de canções vibrantes que explora uma espécie de beleza cheia de excentricidade.
Por ser um material inteiramente instrumental, Lampin’ chama a atenção, ainda, por ter camadas sonoras bem trabalhadas e equilibradas entre si, de forma a dar ao ouvinte a possibilidade de degustar de cada elemento sonoro tanto em sua individualidade quanto em coletividade. Por essa razão, suas quatro primeiras canções merecem maior destaque por, simplesmente, trazer as qualidades anteriormente destacadas de maneira mais saliente. Nessa conta, porém, é importante citar, também, The Quirk. Afinal, a faixa traz um escopo rítmico compassado que traz consigo flertes com a roupagem do rap.
Mais informações:
Site Oficial: https://www.synthonic.biz/
