Bem interessante quando um trabalho prima por unir qualidade e chega de uma forma acessível ao público. E isso é o que apresenta o artista alemão Ralf Beitner em seu mais novo disco, este “Melodies”, que ele traz ao lado de sua esposa Amy Lungu, que é violinista.
Premiado duas vezes pelo “Deutsche Rock- und Pop Preis” e semifinalista no Concurso de Composição do Reino Unido, Beitner é um artista que prima por uma sonoridade vanguardista, mas do qual ele consegue inserir perfeitamente aos moldes atuais. Sua banda consiste apenas de músicos profissionais influenciados pelo jazz do sudoeste da Alemanha. Este lançamento, em especial, conta com a participação de uma orquestra de câmara.
O resultado é uma música forte, que carrega traços eruditos, de jazz e uma conotação do folk, só que muito mais incrementado que o normal. Ou seja, as faixas primam pelo teor rico dos arranjos, além de o vocal conduzir as melodias dividindo a tarefa com o violino de Amy. Tudo soando acessível, ou seja, para o público em geral.
As doze músicas do disco se distribuem em pouco mais de 47 minutos, o que comprova o quão objetivas elas são, além de mostrar que Ralf e seus companheiros sabem muito bem explorar o espaço que têm.
Outro ponto positivo do trabalho é a produção primorosa que ele traz. Afinal de contas, nota-se a qualidade primordial do som e toda a mixagem, até porque a amálgama de instrumentos merece uma captação nítida, e é isso que notamos no disco.
O difícil mesmo é destacar as principais composições, pois estamos diante de um tracklist equilibrado. Porém, algumas delas chamam um pouco mais de atenção que outras, podendo até representar melhor o disco devido à variedade de elementos que dispõem.
É o caso da magistral composição de abertura, “Kamouraska”, com sua introdução totalmente folk, mas que ganha mais corpo e vai se tornando clássica, além de ter um refrão sensacional. “My Soulmate” chama atenção também, principalmente pelo estupendo violino de Amy, que caminha lado a lado da orquestra de câmara, tendo um instrumental estupendo!
Ouça ainda as magistrais “This World”, um folk maravilhoso, “First One In My Life”, além de “The Moon”, a mais sombria, mas nada que fuja do comum do disco. Porém, é claro que a recomendação é de que “Melodies” seja degustado do começo ao fim e mais de uma vez, pois é uma obra encantadora.