A canção nasce com um requinte notável de delicadeza. Ainda que embebida em uma atmosfera sintética, a sonoridade confere uma textura de veludo que, tão logo, é amplificada pela voz doce e singela de Ali Wick, a qual rapidamente se apossa do microfone e começa a desenhar os contornos líricos. Entre falsetes bem executados e momentos de interpretações mais limpas, a transparência conjuntural com que Return To Sender se apresenta ao espectador é, no mínimo, gritante. Com essa paisagem estética, Ali combina a suavidade rítmico-melódica com a fragilidade em sua interpretação lírica e a vulnerabilidade enraizada em cada palavra proferida. Afinal, na música o principal questionamento está na existência de cumplicidade e reciprocidade na relação retratada, o que a torna, de certa forma, uma obra tocante.
Surpreendendo o ouvinte, o que o novo amanhecer fornece é uma roupagem bojuda que já mostra uma interessante imersão no campo do blues. Com frescor e swing um tanto bucólicos providenciados pela guitarra, a canção é rapidamente agraciada por um campo harmônico dominado pela acidez adocicada do hammond conferindo, em sua paisagem, charmosos toques de soul. Escorregando para um refrão de veia interessantemente dramática em que o baixo é um grande fator na construção de consistência sonora, Falling For Falling traz uma mistura de reflexões do passado ocorridas no presente no que tange a liberdade da paixão. Afinal, a personagem se mostra joia não lapidada no que se refere ao amor e à paixão. Seu coração é puro e se amolece facilmente, mas não incentivado pelos interesses de casta e, sim, pelo próprio sentimento. E é exatamente aí que mora o verdadeiro dilema vivenciado pela protagonista.
Sobbing At The Squat Rack é um EP composto por uma junção de seis canções. Ainda que essa seja a sua totalidade de faixas, a maneira com que foi concebido dá ao espectador o direito e a possibilidade de identificar a essência do material já a partir de suas duas primeiras obras.
Apesar de ter uma forma ligeiramente cômica e divertida com que interpreta os enredos líricos, existe, em cada um dos conteúdos, uma necessidade constante de provação, de pertencimento. De respeito. É a busca da própria liberdade no amor como uma metáfora relacionada à vida como um todo. Afinal, a confiança e o amor são quesitos sociais difíceis de serem conquistados com tanta simetria.
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