A maneira com que o violão se movimenta nos momentos iniciais da canção faz comn que o ouvinte logo seja capturado por um denso senso de dramaticidade. Assim que uma voz feminina é percebida preenchendo os primeiros sinais de enredo lírico através de um melisma bem executado, a obra, inclusive, passa a experienciar noções, talvez, despropositadas de sensualidade. Vindo de Terra Renae, esse tom, de natureza firme e grave, ao lado do aparecimento de um chimbal seco e sincopado, faz com que a melancolia seja um ingrediente sensorial marcante do enredo de Lights Down Low. Entre sobreposições vocais que fazem surgir uma bela harmonia vocal, a canção explode em um refrão de delicadeza estonteante que evidencia, enfim, a sua essência romântica, mas não pegajosa.
Com o auxílio do sintetizador, a presente composição tem seu processo introdutório marcado por uma sonoridade sintética opaca e de notas ligeiramente ondulantes que desaparecem assim que assume um primeiro crescendo. Essa primeira menção melódica encaminha o ouvinte para um cenário completamente diferente. Cheio de sensualidade a ponto de flertar com uma essência libidinosa graças à maneira com que o baixo se apresenta na base sonora, Over And Over Again é marcada por uma levada percussiva firme, simples e pulsante que a faz se tornar uma verdadeira expoente do pop com toques dançantes. Trazendo a cantora explorando falsetes em alcances vocais estendidos, a faixa, surpreendentemente, acaba escorregando em um ápice narrativo denso e melancólico que preenche toda a sua atmosfera sensorial.
Sonares pulsantes e sinteticamente pipocantes fazem com que a obra já comunique, ao menos, um flerte para com a paisagem da música eletrônica. Ao mesmo tempo, porém, um detalhe acústico é acrescentado por meio do toque tilintante do estalar dos dedos desenhando as primeiras noções do compasso rítmico. De base curiosamente acústica, portanto, a obra se deleita em certo grau de minimalismo estético que faz com que o espectador consiga degustar, mais a fundo, as qualidades vocais apresentadas pela cantora. Do grave ao agudo e passando por leves menções de rouquidão, é Terra que, inclusive, faz com que In My Dreams experimente detalhes mais propriamente melódicos em virtude da maneira com que interpreta e desenha o conteúdo verbal da composição.
All I Have é um disco que vem para apresentar um novo nome à indústria da música pop. Porém, Terra Renae não se configura como uma cantora padrão, daquelas que exploram falsetes e melismas enquanto acompanhadas de uma sonoridade excessivamente adocicada e radiofônica.
Em primeiro lugar, Terra, com seu tom grave, já oferece uma paisagem diferenciada. Conforme também se aventura por melismas, ela se vê adornada por sonoridades que trazem muito o DNA da música eletrônica. Tendo, sim, o pop como gênero-base, o álbum traz consigo o drama, o romance e a melancolia com um véu de natureza repaginada, algo que fica evidente, principalmente, através das três primeiras canções do álbum, com ligeira adesão ao compasso acentuado da faixa-título.
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