É interessante quando, com um elemento tido como rígido e duro, um músico consegue tirar uma emoção tão real que chega a ser palpável. Durante o presente amanhecer, apenas com a forma com que a bateria se apresenta, o ouvinte consegue identificar marcantes notas de drama que perambulam livremente pela atmosfera embrionária.
Agraciado também por ligeiros requintes de sensualidade, o âmbito rítmico acaba sendo aquele fator que carrega consigo, ao menos durante os primeiros instantes, toda a alma da composição. Conforme a obra começa a se desenvolver, um caráter adocicadamente ácido se cria através do sintetizador, possibilitando a existência de uma paisagem atmosférica, etérea e, até mesmo, introspectiva em seu senso melancólico.
Com sua paisagem generosamente sintética, a canção consegue ambientar o espectador na década de 70. Contudo, a cada nova esquina melódica, Maybe We Lost It acaba tangenciando com uma estética sonora semelhante àquela experimentada pelo Keane, especialmente em Everybody’s Changing, seu respectivo single. Porém, quando Alex Starling entra em cena e se apodera do microfone fazendo ressoar sua voz doce, o intimismo atinge outro patamar de visceralidade melancólica que desfaz rapidamente tal súbita impressão de semelhança. Afinal, aqui o que é salientado é o synth-pop e não o alt-rock.
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