O violino é o elemento responsável por puxar a introdução da canção. Delicado, fresco e com uma postura gentil e compassiva, ele se aproxima do ouvinte como um amigo oferecendo um abraço terno. Doce e até mesmo floral, a melodia criada pelo instrumento soa como a representação sonora de lágrimas incentivadas por um curioso senso de melancolia que transpira do cenário em construção.
O interessante, nesse ínterim, é perceber que, por mais que o violino ofereça essa postura madura e firme, ele, também, não consegue deixar as emoções mais contidas. Esse ato é feito pelo violoncelo, que, apesar de tornar a ambiência sonora mais dramática, é aquele elemento que, definitivamente, passa a segurança e a proteção necessárias para acalentar o coração nos momentos de dor.
Tal performance imbuída sob vestes clássicas não demora muito para fazer o ouvinte perceber em se tratar de uma releitura de Da Sealkie Wife’s Sang, single creditado à Mary-Ellen Odie. Sob o comando do compositor Adrian Brockless, a Orchestra Nova acaba tornando a obra em um produto extremamente tocante e tão delicado quanto cristal. Possibilitando ao ouvinte um bem-vindo senso de esperança, a releitura da canção faz com que o espectador crie em seu inconsciente uma paisagem poente em que o Sol reflete sua luz branda sob as águas cristalinas do mar em uma clara alusão à possibilidade de recomeço associada à existência palpável da eternidade.
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