É interessante perceber a maneira branda com que a introdução consegue combinar frescor, lapsos de azedume e suavidade estética. A partir de um instrumental delicado que flerta com a estrutura indie rock, a canção é capaz de apresentar uma boa sinergia entre as guitarras e um baixo que, ainda que de presença frágil, consegue ofertar boas doses de consistência à melodia.
Assim que o primeiro verso começa a ser construído, uma voz masculina de timbre fresco e afinado é percebida na atividade da elaboração e da exposição do enredo lírico. Mantendo o mesmo viés de maleabilidade e vulnerabilidade ofertados pelo escopo rítmico-melódico, essa mesma voz, por meio de uma interpretação verbal que sugere ímpetos introspectivos, mas também com notas curiosas de angústia, traz para a cena generosas notas de absurdez.
Conforme vai assumindo um crescendo rumo ao encontro com o refrão, a obra vai garantindo para si certo grau de imponência enquanto adquire uma postura de caráter motivacional. Trazendo ligeiras menções de swing através de sua sonoridade, Deja De llorar, calcada no idioma espanhol, traz, em meio à sua linearidade, um enredo que critica o excessivo e abusivo uso de alertas nas mídias da atualidade. É assim que o Sehore convida o ouvinte a refletir sobre esse recorte do mundo da tecnologia.
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