É, no mínimo, instigante. A guitarra acústica vem, já nos seus primeiros sonares, oferecendo um frescor delicado com singelos toques melancólicos, mas, ainda assim, com um caráter curiosamente sentimental e romântico. Enquanto as ondas vão e vem no encontro com as pedras na encosta do penhasco, o céu se posiciona com uma tonalidade acinzentada inebriante. Narrada por uma voz de timbre suave e com doces notas de rouquidão vinda de Ellanika, Lumen apresenta uma personagem em um estado profundo de solidão, mas, felizmente, feliz em estar nesse estado, mesmo com as pessoas tendo diferentes julgamentos rente a esse comportamento.
O piano vem interessantemente duro em suas teclas entristecidamente graves e cuidadosamente espaçadas a ponto de inserir generosas doses de drama na melodia introdutória. Com um lirismo inicial difícil de ser completamente interpretado em virtude das pronúncias que, aparentemente, soam como se fossem feitas com a boca fechada, Ellanika faz com que a faixa-título exorte uma delicadeza amaciada, comovente e ainda mais romântica que aquela ligeira ambiência formulada na canção anterior. Aromática, doce e delicada, a faixa é aquele produto que mostra o máximo de sensibilidade e fragilidade do espectro triplo rítmico-melódico-lírico.
É verdade que Quicksand é um EP formado por uma tracklist de cinco faixas, mas é inevitável e inquestionável a percepção de que as suas duas primeiras composições carregam sua essência com grande desenvoltura. Elas mostram que Ellanika, além de ter sensibilidade, tem uma delicadeza em sua voz que faz com que o material transcenda os caráteres emocional e sutil, fazendo com que o ouvinte consiga sentir todas as emoções propostas. E elas podem ir de uma melancolia inicial ao torpor romanceado e frágil, o qual se mostra um verdadeiro charme estético.
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