Existe frescor. E nesse frescor, é possível perceber requintes de uma delicadeza embebida tanto em gentileza quanto em generosidade. Nesse aspecto, a compaixão mostra a sua forma de maneira madura e bastante saliente. Porém, é nesse ínterim que o ouvinte é capaz de identificar e, principalmente, presenciar, brisas intensas e marcantes de melancolia pairando sobre a atmosfera desenhada, inicialmente, pela dupla de violões.
É bonito ouvir como os instrumentos se completam e interagem entre si sem atrapalhar as suas próprias contribuições individuais. Afinal, juntos eles oferecem uma conotação, aquela de leveza e fragilidade. Porém, separados é como se a melancolia encontrasse notas de uma sensualidade latina penetrante através de ligeiras brisas de virtuosismo.
Sob uma interpretação lírica serena de caráter hipnótico e, até mesmo, reflexivo, Patricio Anabalón entra em cena com seu timbre agudo bastante consistente, desenhando os primeiros sinais do enredo lírico. Através da narrativa introduzida pelo cantor, não apenas a melancolia encontra certos gatilhos que impulsionam a sua sensibilidade por parte do espectador, mas a dramaticidade adquire, aqui, um toque generosamente teatral.
Introspectiva, doce e densamente profunda, a composição não demora a transpirar, como já é de costume de outras músicas assinadas por Anabalón, sua essência poética. E com o auxílio do trovador cubano Silvio Rodríguez, Danza ganha uma melodia mais consistente de maneira a engrandecer sua proeminência no campo do storytelling. A partir dele, se percebe, em meio à narrativa, momentos em que a nostalgia encontra a esperança e a tristeza encontra o amor.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/2GtchTR5BfCXDVhlfvnb89
Site Oficial: https://www.patricioanabalon.cl
Instagram: https://www.instagram.com/patricioanabalonm
