É curioso. Afinal, ao mesmo tempo em que a guitarra surge macia e fresca, ela traz requintes der uma nostalgia melancólica latente. Com a união da bateria em seus batuques de essência acústica, a atmosfera criada por esses dois elementos acaba por assumir silhuetas dramáticas interessantemente contagiantes.
Adornada por uma base sonora sintética, mas capaz de promover a elaboração de uma ambiência esotérica, a canção passa, a partir daí, a transmitir sensos curiosa e, talvez, até despropositadamente espirituosos. Ainda que essa vivência estética não seja oferecida de forma consciente, o fato é que Mainstays and Shades of Gray é encapsulada em uma delicadeza quase transcendental.
Quando a bateria entra em definitivo no escopo rítmico-melódico através de golpes certeiros e precisos, a canção passa a ter consistência, precisão e até mesmo certos requintes de pressão em sua sonoridade. Fazendo crescer seu viés dramático a partir de uma melodia confortável e, de fato, melódica, a obra chega a ficar tocante assim que o teclado insere notas de uma agudez frágil na base sonora.
Fresca, mas ainda assim, visceral em sua espécie de sofrimento reprimido que, finalmente, foi posto para fora. Em um ato de extrema coragem e, também, cansaço em forçá-lo a ficar guardado em um armário de emoções impossibilitadas de serem externizadas, ele acaba por reequilibrar o espectro sentimental e alivia tanto o coração quanto a mente do indivíduo onipresente representado por tal sonoridade.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/7gWmemTuraI3UMUfc5xEzJ
Bandcamp: https://everonward.bandcamp.com/track/mainstays-and-shades-of-gray
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