Seu despertar já se apresenta sob uma estética madura e consciente de sua proposta sensorial. Sem qualquer tipo de cerimônia, a canção já é capaz de começar a injetar um instinto dançante imparável e irresistível no ouvinte graças ao seu beat. Solitário, ele, consequentemente como único elemento a produzir som, consegue, com sua inicial linearidade, entorpecer o espectador.
Não demora muito para que um sonar ácido e azedo, mas suave, comece a ser notado na base sonora de forma a causar um mínimo de senso melódico. Ligeiramente pipocante, é com ele que a canção, definitivamente, tira o espectador de seu estado entediante para, finalmente, caminhar ao centro da pista de dança e se deixar levar pelas propostas injetadas.
O interessante é que, nesse ínterim, o ouvinte se depara com um leve imergir em um campo sensorial sombrio por meio de um novo sonar inserido na atmosfera. E é exatamente nesse momento que a composição passa a ter sua camada lírica devidamente desenhada graças à entrada de uma voz digitalizada e de pronúncia tremulante.
Não é difícil que, a partir dela, o ouvinte se perca por entre súbitos sensos de psicodelia e hipnotismo que o fazem, consequentemente, se distanciar de suas próprias capacidades de lucidez. Com tal receita estrutural, Enough (Original Mix) é onde o DJ Nikho apresenta o tech house club de forma a transcender os limites sensoriais.
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