Estreia de The House of Flies traz sonoridade versátil e sombria

Não é muito segredo que os cenários dos ‘posts’ estão efervescentes. Sim, muita gente investindo em sonoridades post-punk, post-rock, post-metal e afins. Além do mais, o shoegaze é algo que tem crescido exponencialmente. Não há problema nenhum nisso, muito pelo contrário, até porque felizmente a maioria que tem aparecido nestes gêneros e subgêneros tem sido de qualidade, quase sempre acima da média.

Por outro lado, pode parecer que as bandas soem tendenciosas e isso não é problema de quem ouve. Além disso, também pode parecer que surfar nessa onda seja o ideal. Ledo engano, o cenário fica mais exigente e talentos terão que ser explorados da melhor forma possível.

Diretamente de Illinois, o ‘power trio’ The House of Flies, formado por Alex Riggen (vocal/guitarra), Nick Pompou (bateria) e Ozzie Woods (baixo), sabe muito bem disso, mas se eles se importam já outra história. Fato é que estreiam seu primeiro disco cheio, focado no post-punk / shoegaze e pelo resultado colabora muito com a cena.

E não somente isso, além de entregarem boa música, não fecham o seu leque e nota-se flertes com outros estilos, tais quais o grunge e o rock alternativo, em sua sonoridade. Claro que isso deixa a música do The House of Flies ainda mais versátil. Mas não seria por menos, afinal de contas, Alex e Nick também são membros da banda Murnau, que faz um grunge bem atual.

Só por estes quesitos “Mannequin Deposit” já é um disco acima da média. Mas, o prato principal, que são as canções, melhoram ainda mais tudo isso, com um trabalho que demonstra conhecimento de causa, bom gosto e estrutura. Além disso, eles apostaram numa produção orgânica, inclusive trazendo um pouco de poeira, que deixa tudo com uma naturalidade impressionante.

Claro, as canções, em sua maior parte soam sombrias e melancólicas, mas a banda sabe dosar e não faz com que isso se torne algo piegas. Este é outro grande mérito, onde guitarras versáteis, de solos angustiantes, um baixo que pulsa e vibra levemente distorcido, além da bateria que marca a cadência com precisão, compõem a identidade do The House of Flies, tudo tendo vocais angustiados à frente.

Destaque sem dúvidas para “She Hums Mozart”, que abre o disco sendo um belo cartão de visitas, o peso de “Sequin”, a balada grunge “Hounds” e a épica, depressiva e caótica “Ghosts Will Speak Again”, que fecha o álbum com chave de ouro. Grande trabalho, indicado principalmente às almas mais sombrias.

 

 

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