Como uma visão embaçada proveniente do lento processo de despertar que promove a elucidação de uma imagem gradativamente nítida, a câmera faz com que o primeiro take vá, vagarosamente, saindo do turvo ao cristalino de maneira paulatina. Quando completamente límpido, ele destaca a imagem de uma mulher agraciada por olhos de postura cansada e triste.
Surpreendentemente, porém, assim que o instrumental passa a reger a captura das imagens seguintes, essa mesma personagem assume uma feição alegre de conotações ligeiramente provocantes. Evidenciando seu vestido de noiva enquanto caminha por um saguão de identidade suntuosa, a personagem consegue fazer com que a leveza seja uma qualidade que transcende os limites visuais e passem a ser, inclusive, sensoriais.
Enquanto a combinação entre o beat sincopado e a sonoridade de caráter delicadamente ácido vai proferindo uma sensorialidade aveludadamente entorpecente, a qual é abraçada por uma voz feminina de timbre lexicalmente ácido, a personagem é vista adentrando, com feição de certeza e decisão, um cômodo que dá, ao ouvinte, a impressão de se tratar de um recorte cenográfico de um cruzeiro de luxo.
Fluindo para uma sonoridade de identidade educadamente sensual, a composição dá a deixa para que os próximos takes capturem a protagonista, agora sob uma vestimenta preta, dançando alegre e efusivamente de maneira a fazer com que os véus e as caudas de seu vestido flutuem pela atmosfera. Sempre sorridente, a personagem consegue fazer com que o ouvinte sinta sua alegria e seu êxtase. É assim que o videoclipe de Even When We Fight dá a ideia de continuidade e superação nas intempéries que envolvem o amor verdadeiro.
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