É interessante perceber como apenas a distorção da guitarra, em seu sonar agudo, consegue ir muito além do que apenas a sugestão de uma textura crua. Por meio dela, a canção já consegue fazer com que o ouvinte se entorpeça nos sensos de melancolia e nostalgia, enquanto, cuidadosamente, vai se deleitando com uma espécie de veludo salientada por memórias acolhedoras que vão voltando à tona de maneira sequencial.
Pela combinação de sons e a estética que a paisagem rítmico-melódica adota para si, o espectador já tem uma noção certeira de que a canção consiste em uma forte expoente do cenário sonoro do dream pop. Chorosa em meio à sua ambiência inebriantemente esotérica, a canção consegue ser penetrantemente atmosférica.
Tendo os ingredientes do frescor, dulçor e sintético como fatores salientes entorno de sua sonoridade de caráter retro tocante, a canção desperta uma vontade de chorar tão grande que as lágrimas começam a escorrer sem controle e sem mesmo um motivo aparente. É como se a música, pelo seu contexto enérgico-melódico, possibilitasse a libertação de todas as dores, as tristezas e as frustrações de uma só vez, aliviando mente e coração de maneira equivalente.
Com essa energia, que passa a ser profundamente visceral, Everything Was Taken Away acaba mostrando um Pjos sentimental, humano e complacente que convida o ouvinte a refletir sobre a perda em um encorajador tom de resiliência. Apesar da dor, o Sol no amanhecer é capaz de trazer sempre uma nova oportunidade para recomeçar.
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