Desde seu início imediato, a canção, ao mesmo tempo em que consegue comunicar impressões preconcebidas de pop, traz consigo um interessante toque de frescor fundido em sensualidade. Por meio de uma sonoridade sintética aveludada, a obra é capaz, ainda, de fazer o ouvinte experienciar lampejos agradáveis de torpor, ao passo que uma voz feminina é ouvida ao fundo desenvolvendo uma espécie de enredo lírico ainda não oficial. Assim que o primeiro verso enfim se anuncia, Gabby B entra em cena com seu timbre agudo, firme, doce e agudo, desfilando um lirismo baseado no idioma espanhol. Por meio dele, a obra acaba garantindo para si novas e superiores notas de swing ao passo que conquista um quê de excentricidade charmosa. Como primeira faixa do EP, OMG chama a atenção por misturar, de maneira bastante equilibrada, um contexto rítmico calcado no pancadão, o famoso funk carioca, com o pop, se configurando como uma composição irresistivelmente dançante.
Os sonares sintéticos seguem sendo os elementos que comandam as diretrizes introdutórias, fazendo com que o ouvinte perceba que o pop, de certa forma, assume a função de gênero base das obras. Mantendo a base rítmica calcada no funk carioca, com batidas bem marcadas capazes de interagir homogeneamente com a interpretação lírica de forma a favorecer um engrandecimento da sensualidade, Bad Bitch se amadurece simplesmente como uma composição provocante, ardente e lexicalmente sedutora. Com sua estrutura, ela atrai, hipnotiza e faz surgir, no ouvinte, o desejo pelo toque. Tudo graças ao seu viés libidinoso, mas longe de ser escrachado.
Trazendo um viés mais experimental no que tange a construção da levada rítmica, a canção, desde seu início absoluto, mostra a existência de um novo indivíduo no escopo lírico. Uma voz masculina afinada em seu tom ligeiramente grave é percebida por meio de versos curtos e monossilábicos localizados na camada secundária ao lirismo principal entoado por Gabby. Barry se coloca de forma clara e evidente no cenário a partir da segunda estrofe da canção, momento em que permite que o ouvinte deguste da aquisição de uma nova textura que consiste no grave de seu tom, o qual dá vida a pronúncias rappeadas. A partir daí, Brinca garante para si uma noção de movimento fluida e sincopada, enquanto explora uma sonoridade que comunica uma influência direta de Anitta.
XOXO é um EP de sangue latino com alma brasileira. Isso porque, desde seu início imediato, ele permite ao ouvinte o vislumbre de uma essência pop proveniente da América Latina não apenas pelo idioma espanhol, o qual auxilia no engrandecimento do senso de sensualidade, mas pela forma como as bases rítmicas são construídas em suas canções.
Do pancadão, ou funk carioca, como é conhecido, passando pelo já mencionado pop, o material ainda se permite fluir pelo espectro do reggaeton, o que acontece em músicas como Dale Duro e Sorry, No Confío, em que o ritmo aparece com mais evidência. Sempre explorando o máximo da sensualidade, de maneira a se utilizar da libido de maneira equilibrada, o EP garante para si uma atmosfera irresistivelmente dançante e provocativa.
Não é de se espantar que as três primeiras músicas de XOXO merecem maior destaque. Afinal, elas encapsulam bem as qualidades salientadas. Porém, como já foi mencionado, Dale Duro e Sorry, No Confío também exercem um peso considerável em sua versatilidade rítmica, uma vez que colocam o reggaeton em notável destaque estético.
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