Gal Costa, uma das maiores vozes da música popular brasileira, morreu na manhã desta quarta-feira (9), aos 77 anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista e a causa da morte é desconhecida. A cantora era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no último fim de semana, mas teve sua participação cancelada de última hora.
De acordo com sua equipe, ela precisava se recuperar após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita e ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo recomendações médicas. A cirurgia ocorreu em setembro, pouco após sua apresentação em outro festival de música em São Paulo, o Coala. De lá para cá, ela não havia voltado aos shows, mas já tinha datas da turnê “As Várias Pontas de uma Estrela” marcadas para dezembro e janeiro.
Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos em Salvador, na Bahia, em 1945, Gal Costa sempre foi incentivada pela mãe a seguir carreira na música. Já o pai, morto em sua adolescência, foi uma figura ausente. Ela trabalhou como balconista de uma loja de discos na capital baiana, onde conta ter conhecido a obra de João Gilberto, e gostava de cantar e tocar violão em festas que frequentava. No início dos anos 1960, foi apresentada a Caetano Veloso, encontro a partir do qual foi criado um vínculo pessoal a artístico que perduraria até sua morte. Gal foi uma revolução das vozes e dos costumes na música brasileira desde seu surgimento na cena nacional, nessa mesma década.
Aproximou-se ainda adolescente dos também baianos Maria Bethânia e Gilberto Gil, além de Caetano, com quem integraria o grupo conhecido como Doces Bárbaros, responsável mais tarde por um disco definidor da década de 1970. Também foi nessa época que se aproximou de Tom Zé, outro baiano com quem firmou parcerias. Com os amigos, inaugurou o teatro Vila Velha, em Salvador, com o show Nós, Por Exemplo. Em 1965, o grupo viajou a São Paulo para apresentar os espetáculos “Arena Canta Bahia” e “Em Tempo de Guerra”, dirigidos por Augusto Boal. Tinha ainda pouco mais de 20 anos quando participou do álbum “Tropicália ou Panis et Circencis”, pedra fundamental do movimento tropicalista. Logo depois, em 1971, fez um dos espetáculos de maior repercussão da história da MPB, “Fa-Tal”, que viraria também um álbum cultuado.
A partir dali, sua voz foi se tornando cada vez mais popular por canções como “Modinha para Gabriela”, sucesso estrondoso de Dorival Caymmi que abria a novela da Globo inspirada em Jorge Amado, e por hits reunidos no álbum “Água Viva”, de 1978, como “Folhetim”, de Chico Buarque, e “Paula e Bebeto”, de Milton Nascimento e Caetano. Foi nesta fase que a cantora se incorporou mais ao mainstream das grandes redes e rádios, começando a se descolar da imagem de ícone da subversão tropicalista. A parceria com Caetano nunca esmoreceu, mas Gal passou a tirar seus hits de compositores de correntes diversas, como Chico — “A História de Lily Braun”, “Futuros Amantes”—, Djavan, de “Azul” e “Nuvem Negra”, e Moraes Moreira, de “Festa do Interior”.
Fonte editorial: Folha de São Paulo