É, no mínimo, místico. Intrigante em sua essência, a introdução passa a inserir o ouvinte em uma atmosfera natural. Intocada. Virgem. É como se, a partir de tal percepção, o espectador se torne o primeiro explorador de um mundo novo e completamente inimaginável. Por entre as árvores nativas e os aromas inéditos vindos das flores, uma energia transcendental e espiritual passa a compreender o ambiente de forma inexplicável em seu cunho racional. Conforme uma bateria acústica surge e vai desenhando o enredo lírico de maneira macia e capaz de fornecer um agradável senso de fluidez, o ouvinte acaba tendo lapsos de consciência que o permitem enxergar, com mais clareza, o mundo mágico ao qual está inserido. Por meio de um vocal feminino de timbre agudo e adocicado em seu embrionário veludo, uma tomada hipnotizante se cria, tirando, novamente, o público do controle de suas faculdades mentais. Ainda assim, em seu último súbito de lucidez, o personagem é capaz de olhar para cima e vislumbrar uma noite fantástica em que o céu se encontra completamente iluminado pelas estrelas em uma transparência tão profunda que possibilita, até, mesmo, vislumbrar as mais longínquas constelações. Eis Gardarika At Night, uma etimológica faixa de abertura do álbum.
A maciez continua sendo o centro estético. Fornecida por meio de um instrumento de corda, essa característica ganha força com a rápida entrada da percussão, que se confunde em meio ao sintetizador e sua contribuição na construção de uma atmosfera tão mística quanto aquela fornecida na canção anterior. Capaz de ser até mesmo mais sensual que Gardarika At Night, Agniy consegue explorar uma temática que soa como uma música tradicional de um povo aquém da civilização moderna. Uma cantiga de caráter profundamente entorpecente.
O cenário noturno é rapidamente evidenciado a partir do sonar natural de alguns animais nativos. Ainda que isso aconteça, a atmosfera proporcionada pela presente introdução confere ao cenário uma energia tensa e embebida em um suspense que causa sensos de insegurança. No entanto, conforme uma voz feminina surge em tom levemente gutural entoando um canto monossilábico, o hipnotismo se torna algo inquestionável, irresistível e incontrolável. Entre grooves e sensos esotéricos, Akata explora mais profundamente as maravilhas fantásticas desse universo, mas, aqui, sob um viés mais místico embebido em traços de bruxaria.
Gardarika: Book One é onde o Agniy apresenta, ao espectador, um novo mundo. Quase como um local contemporâneo ao reino de Atlântida, ele se mostra como um local mágico, fantástico e repleto de maravilhas impensáveis pela sociedade moderna. Intocado, virgem e totalmente aquém do novo mundo, esse universo é trazido como um cenário em que não existe o mal e tudo funciona harmonicamente. Tudo comunicado através de uma temática instrumental que entorpece o ouvinte profundamente já a partir de suas primeiras três canções.
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