Apesar de a guitarra surgir sob uma movimentação amaciada, sua afinação sugere um toque de suspense e inquietação que chega a causar calafrios involuntários no ouvinte. A insegurança e o temor, consequentemente, passam a ser sensos companheiros do espectador que se aventura na audição de tal introdução, ainda que esta não tenha, ainda, se desenvolvido por completo.
Dando embasamento ao toque tenebroso, uma voz masculina de timbre intermediário entra em cena sob uma interpretação lírica sussurrante. A partir dessa postura, Zarooni é capaz de não apenas ampliar o medo, mas também de ambientar o ouvinte em um cenário imagético ausente de luz e de qualquer menção a uma espécie saudável de vida.
Criando em Got Me, portanto, uma ambiência fantasmagórica, cínica, provocativa e até mesmo, em certo grau, debochada, o cantor se usa dessa atmosfera minimalista e melodicamente linear para apresentar ao ouvinte um enredo de autoconhecimento e superação. Ainda que descrito de forma bela, o enredo da faixa apresenta um indivíduo lidando com seus próprios demônios internos, enquanto busca, sonha, anseia e almeja a aquisição de uma fatia ínfima de esperança.
Nesse ínterim, é interessante ver como o vocalista desenha a atmosfera a ponto de até mesmo o ouvinte se sentir na presença de um ser onipresente de índoles não tão boas. Um ser que está, ao seu lado, tal como um indivíduo pronto para sabotar seus ideais, seus planos e sua essência. Um indivíduo sedento pela desgraça alheia. E é exatamente aí que entra a necessidade da esperança. Afinal, com ela é possível garantir mais forças para vencer esses impulsos autossabotantes.
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