Seu início é rapidamente marcado por um intenso frescor imbuído em um torpor de caráter pegajoso. Regida por uma sonoridade sintética, mas capaz de comunicar sabores adocidados e, ao mesmo tempo, ácidos, a faixa é abraçada, em seu início, por uma voz feminina tecnológica que surge como uma espécie de recepção eletrônica para que o ouvinte vá se ambientando não somente ao seu próprio contexto, mas a de GoZodie! como um todo. O interessante, nesse ínterim, é perceber que, quanto mais a faixa-título mergulha em seu aspecto entorpecente, mais ela, na companhia de KyngRash, vai evidenciando suas próprias nuances dramáticas. Abraçada por um beat ligeiramente sensual e por subgraves que soam não tão fortes quanto costumam ser nas demais canções de rap, a presente obra já faz com que o ouvinte se perca por entre as vivências, os sofrimentos e os dilemas experimentados por PHAZE GAWD.
Diferente do despertar da canção anterior, o presente amanhecer é construído a partir de versos pronunciados em tom de ordem, de incentivo. É até possível notar que o próprio ouvinte se vê fisgado pela força e o poder que as palavras proferidas pelo rapper passam a exercer sobre si, sobre seu aspecto emocional e sob a forma se percebe. De maneira marcante e até mesmo chocante, no momento em que entra em seu primeiro verso a canção passa a oferecer uma atmosfera assombrosa e um tanto tenebrosa por meio da adoção do sonar adocicadamente agudo do hammond. Por meio dele, a canção acaba mergulhando em um ecossistema urbano noturno e marginal a ponto de fazer com que o espectador se sinta minimamente frágil, desprotegido e, principalmente, vulnerável. Let’s Get To It é onde o rapper dialoga sobre falsidade, mas também sobre foco, perseverança e determinação perante suas próprias querências.
Por entre subgraves e um beat sensualmente sincopado em sua forma digitalizada, a canção tem seu despertar anunciado. Aqui, o enredo lírico rapidamente toma forma e o ouvinte pode, com mais clareza, degustar do timbre de PHAZE GAWD. Se mostrando uma mistura intrigante entre ácido e azedo, a voz do vocalista acaba sendo, precisamente, o principal chamariz da composição. Afinal, em Tryon Rd Zo, o ritmo segue uma linearidade constante, dando ao enredo lírico a função de entregar ao espectador uma noção de continuidade perante a fluidez do beat. Assim sendo, a canção parece questionar, liricamente, a motivação para certos atos realizados pelas pessoas imersas na mesma realidade de GAWD, promovendo um grande senso reflexivo.
É verdade que GoZodie!, marcado para ser lançado dia 22 de novembro, é um material composto por oito faixas, mas a maneira como foi desenvolvido dá ao ouvinte a total capacidade de identificar a sua alma verbal já a partir de suas três primeiras composições. Nelas, o rapper PHAZE GAWD proporciona a fusão do drama com o urbano. O sombrio com notas de esperança. O torpor com uma reflexão consciente sobre motivação e determinação.
É interessante destacar que, ainda que seja um material der rap, o álbum não é, essencial e completamente, um produto de caráter marginalizado, que atinge apenas uma gama social representada a partir de uma certa segregação musical. Não. Tudo o que o material traz diz respeito à sociedade como um todo. Afinal, não há uma pessoa sequer que não enfrente dilemas em sua vida. Que se questione. Que reflita. Que se sinta desmotivada, triste ou, mesmo, persuadida. É por isso que GoZodie!, ainda que imbuído em lirismos de caráter autobiográfico, fala com a humanidade no geral. Sem qualquer restrição.
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