Existe uma sensualidade aveludada inebriante que nasce por meio da delicada movimentação da guitarra, a qual é prontamente acompanhada por uma textura adocicadamente gélida vinda do teclado que preenche a cama melódica. Surpreendentemente, o que se tem, segundos mais tarde, é a imersão no campo estético do rap. Com direito a um baixo de presença marcante em meio ao seu swing preciso e marcante, a canção já faz com que o ouvinte se veja compenetrado na interpretação de cada palavra proferida pelo cantor.
Através de seu timbre agradavelmente grave e afinado, Eric Cohen dá à canção novas doses de frescor, enquanto propõe um contraponto de cadência em relação ao andamento do beat na base rítmica. Conscientes e, de certa forma, humanizadas, as palavras ditas pelo rapper fazem com que o espectador caia em um profundo processo introspectivo a respeito de suas atitudes e da maneira com que leva a vida em momentos cruciais em que é afastado de suas zonas de conforto.
Com delicadeza, mas, ao mesmo tempo, com seriedade e compaixão, Cohen acaba fazendo de Held Together uma espécie de rap cristão. Aqui, ele fala sobre a força que é possível de encontrar em meio à fé, mas, também, aborda a graça que mantém a comunidade unida mesmo através dos momentos mais sombrios da vida. Com a faixa, portanto, o rapper mostra uma clara intenção em unir os ouvintes por meio da mensagem de esperança, resiliência e renovação.
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