Seu início é grandioso. Grandioso em emoção. Grandioso em sentimentalismo. Grandioso em delicadeza. Com um mínimo de elementos, a obra consegue, já em seus instantes introdutórios imediatos, fornecer uma agradável sensação de reenergização, de reequalização energética. Uma paisagem crepuscular que, junto com o alvorecer do Sol no horizonte, vem agraciado pelo senso de esperança e de gratidão.
Ofertada através da sintonia entre piano e o que parece ser um som proveniente da cítara, essa paisagem vai imergindo cada vez mais no interior do ouvinte como se fosse um processo de limpeza espiritual. O interessante nisso é que, conforme evolui, a obra vai ofertando trechos de aparente dissincronia como uma espécie de ilustração da heterogeneidade da vida.
No entanto, assim que o baixo é notado através de seu rompante bojudo e gordo, a canção mergulha em uma outra etapa melódico-narrativa que faz com que o espectador se veja em uma atmosfera mais requintada e de charme peculiar. Com direito a instrumentos de sopro, guitarra, baixo e percussão, Honest Mention acaba se enveredando por um viés surpreendentemente jazz que levanta e embeleza a sua atmosfera.
Sob a direção do Auris Delan And The Pepper Shop, portanto, Honest Mention amadurece não apenas como uma canção de caráter instrumental. Mas, sim, como uma obra que mostra ser possível a intersecção entre o clássico e o jazz com tomadas atuais que flertam, mesmo que minimamente, com a temática do chiptune e sua paisagem digital que remete ao mundo dos videogames.
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