Logo em seus primeiros instantes sonoros, graças à desenvoltura do violão, a composição já se torna capaz de transpirar uma nuance sensual de caráter encantadoramente latino. Com deliciosas notas de frescor, essa movimentação melodiosa dá ao arranjo inicial uma característica de brandura bastante contagiante que cria um interessante contraponto estético ao entrar em contato com o timbre levemente grave e ácido de Mackzwell.
Conforme amadurece, a composição vai, calmamente, comunicando ao ouvinte sua fluidez estética para com o campo do reggaeton graças ao compasso rítmico gradativamente evidenciado. A partir desse instante, inclusive, a composição se torna uma espécie de refém de seu próprio feitiço de encantamento. Afinal, é essa estética que faz com que o torpor acabe tomando conta da paisagem e escondendo certas nuances de dor emocional posteriormente vivenciadas pelo personagem lírico.
Quando mais é elaborada, a linha lírica acaba destacando ao ouvinte um enredo de natureza curiosamente melancólica que torna aquela inicial constatação de sensualidade uma espécie de válvula de escape em relação à dor do coração. Colocando sobre os holofotes a temática da confiança, o cantor, responsável também por inserir um viés cadenciadamente lírico na forma de um rap bastante sereno, Hoodwinked mostra que Mackzwell, no presente contexto conjuntural, se apoiou em uma gama heterogênea de influências.
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