A bateria surge em evidência na introdução. Solitária, ela vem com sua desenvoltura ligeiramente saliente a partir de uma levada que, apesar de ser calcada na proposta padrão da cadência em 4×4, traz, consigo, uma maciez convidativa. Assim que o instrumental entra em cena em sua plenitude, a canção passa a, de forma definitiva, transpirar uma sensualidade delicadamente groovada.
Combinando teclado, guitarras, baixo e bateria, a canção, instrumentalmente, traz impressa em suas arestas sonoras uma identidade soul generosamente atraente. Nesse ínterim, a obra acaba recebendo uma voz masculina de timbre intermediário no preenchimento das camadas líricas. Eis Eddy Mann, com sua interpretação verbal serena, colocando seus toques de frescor e leveza na estrutura sonora.
O interessante, aqui, é notar que a sensualidade, de maneira geral, não é fornecida pela guitarra ou mesmo pelo baixo. Quem assume certo protagonismo nesse processo é o teclado, que apresenta uma desenvoltura mais saliente e até mesmo mais sensual que o restante dos instrumentos. Contudo, é inegável que a guitarra acaba dando sua contribuição em um viés mais estrutural. Afinal, por meio de sua movimentação, o ouvinte consegue perceber ligeiras inserções de blues na receita sonora.
De base melódica cuidadosamente trotante de forma a agregar ao escopo rítmico uma cadência mais contagiante, Just Like Jesus, além de ter, em sua receita estrutural, os gêneros já citados soul e blues, possui, também, outra importante contribuição do teclado. Conforme o instrumento desenvolve suas linhas sonoras, ele passa a ofertar, também, linhas marcantes de gospel que dão um clima de adoração e louvor inegável.
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