A sonoridade já nasce, de certa forma, envolvente. Sob o efeito fade in, ela vai ganhando cada vez mais força e presença em meio à introdução. Indicada unicamente pelo viés percussivo, a canção acaba, rapidamente, explorando qualidades como precisão, pressão e fluidez rítmica, além de toques ligeiramente dramáticos fornecidos pelo sonar adocicado do teclado. É nesse ínterim que também o enredo lírico começa a ser desenvolvido. Por meio de uma voz masculina de timbre agridoce vinda de Jwadi, a canção mergulha em uma estética rap em virtude das pronúncias aceleradas e sincopadas exercidas pelo cantor. É importante ressaltar, também, a natureza delicada e curiosamente espiritual da obra, algo identificado graças à cama adocicadamente ácida do sonar do hammond reproduzida pelo teclado arregimentando a esfera harmônica. Dramática e com um audacioso viés indie emaranhado em seu rap marcante, The Seamstress consegue ser aromática e frágil enquanto flerta, inclusive, com certos toques do pop presentes em seu enredo conjuntural.
Ela nasce crua. Porém, dentro dessa crueza, existe, também, sensualidade e notas de um gracioso frescor. Produzidas pelo violão, elemento que puxa a introdução de maneira solitária, essas qualidades, juntas, fazem com que a canção evidencia a exploração do cantor em meio a uma paisagem estética que, agora, se destaca pela cenografia reggaeada. É nesse ínterim que a bateria, através do compasso seco do chimbal, entra em cena delimitando o tempo e a cadência rítmicas. Continuando com o viés dramático apresentado na canção anterior, algo que acontece em virtude do sobrevoo melancólico e choroso do violoncelo no âmbito harmônico, Pay To Play ainda é possuinte de precisão e de uma espécie de transcendência refrescante por meio do arranjo presente em seu refrão.
É interessante perceber que, já em seus primeiros sinais introdutórios, a canção consegue disseminar sensorialidades romanceadas que chegam a até mesmo hipnotizar o ouvinte. Aromática, delicada e inebriante, a presente música chama a atenção por combinar maciez e fluidez em meio a um beat frágil e regido por chimbais sincopados. Agraciada por um baixo de groove pontualmente pulsante em sua forma encorpada, a canção é feliz ao explorar o romance e a sensualidade. Com direito a um time de metais composto por trompete e saxofone, Closer faz com que não apenas o swing seja engrandecido, mas também um quê de vivacidade preencha o seu campo sensorial. Tudo através de uma fragilidade arquitetônica que faz com que o espectador experiencie ao máximo o torpor.
The Year Of Subtraction é marcado pela sua natureza versátil e, portanto, difícil de ser caracterizada através de uma única paisagem sonora. Isso porque ele vai do rap ao reggae com notável fluidez de maneira a não chocar o espectador e a não parecer irregular ou mesmo sem noção. Em essência, o material prova e destaca a musicalidade vasta de Jwadi.
Com menções até mesmo do indie e do pop, o material dá destaque às suas três primeiras composições por encapsularem, de uma melhor forma, as constatações aqui apontadas. Ainda assim, é notável que a solitária No One’s Around e A Bag Of Bones And A Bag Of Booze merecem também atenção por destacarem o drama como um importante ingrediente sensorial de The Year Of Subtraction , salientando, de maneira mais profunda, seu viés experimental.
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