O clima é de suspense. Curiosamente, porém, a densidade que a atmosfera oferta não é de tão pesada ou mesmo sombria. Existe, nela, uma vontade, uma ânsia pela redenção e pelo perdão que transcende os limites do som de maneira a criar, no imaginário do ouvinte já imerso em seu próprio torpor, uma paisagem em que os raios do Sol são capazes de, com muito esforço, romperem as grossas camadas de nuvens cinzas.
De caráter adocicadamente esotérico com flertes serenos para com a estética da new age, a canção vai ofertando, gradativamente, uma camada delicada que toca o espectador com grande facilidade. Porém, no instante em que os primeiros versos vão ganhando vida através da voz frágil e cuidadosamente grave de Jaki Nelson, o espectador adquire a perfeita noção do que a canção se trata.
A cada palavra proferida em sua nova roupagem, mais intimista e generosamente mais delicada, o ouvinte percebe se tratar de um cover de Nothing Else Matters, icônico single do Metallica. Ainda que com uma roupagem banhada em sintetizadores e com uma cama melódica consequentemente digital, a obra consegue manter a visceralidade e o teor rascante da versão original. Não à toa que a melancolia é sentida em seu máximo, o senso de desesperança se transforma em lágrimas e o horizonte límpido se torna cada vez mais distante.
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