Seu início é embebido em um dulçor suave capaz de embriagar o ouvinte com sua estrutura aveludadamente delicada. Ainda assim, é possível perceber a existência de uma força ainda adormecida na voz de Michelle Carter, a qual, sem demora, já começa a fornecer, ao ouvinte, um esboço do enredo lírico.
Rapidamente, assim que o primeiro verso toma forma a partir da entrada do baixo e bateria, elementos responsáveis pela criação tanto do corpo da base melódica quanto do alicerce rítmico, a canção denuncia suas silhuetas blues. Macia e com uma sensualidade despropositada, a obra mergulha em uma energia visceral imbuída em uma harmonia embriagante fornecida pelo sonar adocicadamente ácido do hammond.
Por meio de sua estrutura calcada em uma cadência rítmica 4×4, Let’s Try Again chama a atenção pela sintonia homogênea criada entre a Attom Darcy Blvd e a convidada Michelle. Por meio dela, a canção ganha uma alma tocante, entorpecente em essência, mas sensorialmente reconfortante em sua energia motivacional que leva a ímpetos de superação através de sua intenção curiosamente esperançosa.
Conforme vai amadurecendo tanto em seu viés harmônico-melódico quanto no lírico, Let’s Try Again acaba destacando que seu conteúdo verbal tem uma força romanceada que busca uma espécie de reconciliação. É por entre essa narrativa que o ouvinte pode identificar, inclusive, influências de Janis Joplin na forma como Michelle emprega suas palavras na composição.
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