É com uma percussão estimulante que o ouvinte é inserido na introdução. Solitária, mas em frases curiosamente excitantes, a bateria, com sua singela crueza, dá passagem para que o sintetizador entre em cena com um sonar agudo reenergizante que funciona como o frescor da manhã. Como aquele ímpeto de esperança pela possibilidade de recomeço que o Sol, surgindo por detrás das montanhas campestres, pode oferecer.
Com o auxílio do uivo ondulante da guitarra lap steel e de um vocal de timbre feminino e agudo, mas ligeiramente rouco, o qual assume seu posto por entre versos vocálicos de pronúncia de extrema suavidade a ponto de seu som desaparecer como uma brisa, a canção faz crescer o senso de embriaguez. Tendo o groove do baixo em sua afinação levemente ácida como o elemento a sugerir lucidez, Lives In Tandem vai se maturando tal qual uma mistura de dreampop e indie pop.
Floral e fresca, mas também entorpecente e gélida, a canção destaca suas silhuetas transcendentais, enquanto, com a máxima calma, vai evidenciando seu enredo lírico. Sob uma interpretação que soa como um mantra, um canto à introspecção, Lives In Tandem narra uma relação iniciada ao acaso, mas repleta de desejo, de intensidade. De reciprocidade. A formação de um casal capaz de enfrentar o caos, as dificuldades e crescer de forma harmônica.
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