Seu início traz uma energia levemente transcendental. Com o auxílio da inserção da sobreposição de pianos em notas trotantes, não é apenas um senso de relaxamento que paira pelo ar. Há, nele, também generosas noções de hipnotismo que roubam a consciência do ouvinte e o deixam à mercê da melodia ainda em construção. Evoluindo para algo espirituoso, cuja beleza onipresente chega a emocionar pela sua delicadeza extra-corpórea, ela se torna tocante e agradavelmente aconchegante a um nível profundamente sensitivo que extrapola os limites do som. Love Tone é como observar o alvorecer do dia no meio da mata em seu pleno silêncio e sua natureza bela. Virgem. É como um cântico de gratidão e veneração à pureza do simples e a tudo aquilo que o meio ambiente oferece.
O sonar do piano segue a mesma tomada hipnótica da canção anterior, mas, agora, sob uma cadência diferenciada. Promovendo uma energia que incita o despertar do ânimo, ele já soa como uma manhã em sua plenitude. Um momento do dia em que a vida já acontece e o indivíduo segue seus afazeres diários. Ainda agraciada por uma base espirituosa e transcendental, Mosaic é como o súbito reenergizar. Como uma injeção de motivação que faz a pessoa ver o mundo e suas paisagens rotineiras de forma diferente. Ainda assim, ela é agraciada por toques de uma delicadeza espectral capaz de ser percebida até mesmo no beat que surge repentinamente dando menções de movimento e fluidez à aura entorpecente.
Surpreendentemente, quem puxa a nova introdução não é mais o piano e, sim, a guitarra. Com seu riff aveludado e delicado, ela surge em ondas curtas que divide com uma segunda guitarra de participação inicialmente enxuta. Crescendo gradativamente em elementos sonoros, a canção, por mais que seja banhada por um caráter melódico sintético, ela oferece uma harmonia de essência frágil e perfumada que abraça o ouvinte com toda a ternura possível. Cast é onde o veludo é a textura dominante do instrumental que comunica uma curiosa imersão ao campo da música pop, assim como aconteceu em Mosaic. Ligeiramente dançante, a obra desfruta de uma delicadeza contagiante que proporciona uma dança tão suave como se fosse parte de um cadenciado processo de introspecção.
Por entre vogais repetitivas pronunciadas por uma voz feminina aguda, a canção dá vasão para que sonares de caráter estridente entrem em cena e comecem a inserir suas respectivas texturas ácidas. Rapidamente evoluindo para o ambiente mais dançante até então apresentado no álbum, Path traz uma essência entorpecente em sua maciez estrutural que faz o ouvinte mexer o corpo, ainda que imerso em um estado de profundo transe.
Simultaneity é um álbum instrumental em que o torpor, a maciez, o transcendente e o espirituoso são as características que mais saltam aos ouvidos e sensibilidade do espectador. Conseguindo ser agradavelmente dançante e charmoso em seus aromas delicadamente perfumados, o material traz um charme interessante na forma como funde bases do pop com sonoridades eletrônicas. E isso fica evidente já a partir das quatro primeiras músicas, visto a profundidade sensitivo-estrutural que o conteúdo possui.
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