Eis que a cultura musical latina nos entrega mais um talento de inegável valor. Refiro-me à cantora mexicana Maria Mortiz que, depois de lançar alguns singles, agora libera o primeiro álbum completo chamado “Déjame Preguntarte”. Seu estilo une a musicalidade latina ao romantismo mundial, sempre esboçando sentimentos de forma leve e penetrante. A exemplo de “Asi”, faixa que abre o disco, podemos apostar no quão prazerosa será o restante da audição, pois o encanto parece sair da instrumental percussiva, entrelaçando-se à voz da cantora para nos aliviar de qualquer mal. O idioma espanhol casa tão bem com a melodia, que parece inimaginável uma versão em outra língua.
Temas que abrangem o amor, descoberta pessoal e várias emoções não escapam à criação dessa cantora espetacular. Paralelo ao seu talento, Rob Jimenez, produtor da obra, soube sintonizar às intenções da compositora e criou um recipiente sonoro à altura das composições. Músicas como “Bonita” refletem essa coerência, bem como “Vampiro”, que acelera um pouco mais o ritmo da percussão e recebe arranjos versáteis. Na sequência, “Te Vas” chega sorrateiramente e rouba os nossos corações com seus acordes de teclado e voz de veludo. Não há como não se render à magia que cada música emite.
A poesia sedutora de Maria chega em “Contracorriente” que, embora melancólica, possui uma textura sonora consoladora. O mais interessante na música da artista é que ela consegue nos prender sem precisar ser complexa. Todas as músicas são tranquilas e esbanjam suavidade, mesmo as mais agitadas como “Quiero Saber” que obedece a fluidez, não comprometendo a melodia. Todas as violas espanholas, atabaques ou instrumentos de sopro seguem uma espécie de roteiro que deságua em nossos ouvidos como fumaça de incenso. Sobre esse aspecto, vale destacar o trabalho de captação do engenheiro de gravação Tito Valles, que contribuiu diretamente para o clima do álbum. Depois disso, “Tortuga” pede passagem como uma das músicas mais envolventes do repertório de Maria, graças a quase total evidência de sua voz.
Adiante, temos “Brujo” que faz parte da ala mais empolgante do álbum. Seu ritmo, assim como os de outras canções, nos convida a bailar levemente pelo salão. Não há nada mais saudável, sensual e gostoso do que uma boa melodia latina. Por sinal, melodia parece ser algo componente da personalidade de Maria, pois a cantora é capaz até de fazer música influenciada pelo fado português em “Quieres Tanto”. Para finalizar essa estreia maravilhosa, a moça traz a história de “Sirena Y El Pescador” que, claro, trata-se de mais uma obra-prima assinada pelo seu dom de criar e dar vida a histórias emocionantes.
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