É, no mínimo, interessante e inquietante. Afinal, com poucos elementos e a poucos segundos de sua introdução imediata, a canção já é capaz de fornecer sensos não apenas de melancolia, mas de um certo toque de desespero. Uma angústia imparável que é amplificada pela paisagem cinza e nebulosa. É verdade que, ao menos ainda, não existe visceralidade, mas os sentimentos presentes já se mostram firmes o suficiente para ultrapassar o limite do som.
Assim que o primeiro verso se inicia, todas aquelas emoções percebidas durante a curta introdução se fundem a um drama associado a um senso de esquizofrenia ocasionada pelo grau de instabilidade ao qual o personagem lírico se apresenta. Sob uma pronúncia cerrada, como se cada palavra fosse dita com a boca fechada, Re.s faz seu tom adocicado e sereno se confundir por entre a fluidez da levada desenhada pela bateria.
Essencialmente entorpecente em sua máxima identidade, Me consegue amadurecer como uma obra de estética sufocante e, portanto, claustrofóbica. Trazendo sonares dissonantes como forma de representar certo grau de caos, a canção traz um personagem que, a partir de seu senso de inadequação e frustração com a carreira, evidencia sua drástica fraqueza emocional a ponto de evidenciar seu flerte para com pensamentos deprimentes e até mesmo canibalescos.
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