Sua paisagem, sem dificuldade alguma, já evidencia sua natureza eletrônica e dançante a partir de seus primeiros sonares. Por meio de detalhes curiosamente pipocantes que dão ao ouvinte a noção embrionária do tempo rítmico, a canção, além de experimentar suas primeiras notas de contágio, consegue extravasar uma dose quase irresistível de torpor que abraça a audiência com seu calor morno.
Soando delicada com seu interessante detalhe estético introspectivo, é interessante perceber como a obra vai demonstrando uma capacidade latente de combinar sons que incitem a reflexão e o intimismo com vieses puramente de entretenimento. Delicada e branda, a composição, quanto mais se desenvolve, mais vai destacando suas silhuetas voltadas para a paisagem estética da house music.
Ainda que imersiva e intimista, Inner Flow é capaz de fazer com que os pensamentos divagantes do espectador flutuem pelo vento, enquanto este se confunde frequentemente entre as noções de alucinação e realidade. Macia, a canção ainda mostra detalhes de sua essência que são compassivos e cuidadosos, de forma a fazer com que certas descobertas emocionais do ouvinte tenham uma espécie de alicerce em que se apoiar. Algo para recarregar e garantir impulso na jornada da vida. Por isso é que a faixa se configura como um produto intrigante. Ela faz de um súbito processo de autoconhecimento algo para se contar e, de certa forma, comemorar.
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