É como se o ambiente não tivesse luz. Como se todo o mundo fosse ausente de alegria e a população se mostrasse órfã de alma. De essência. De motivação. Um drama pungente que rasga o interior do indivíduo de maneira a tirar, dele, o brilho e a vivacidade que um dia predominou em seu interior. Por meio da sonoridade oferecida pelo teclado, o drama, a dor e um senso de desesperança moldam a paisagem sensorial introdutória da canção.
Capaz de, dentro de sua densidade estrutural, haver requintes de um viés fantasmagórico, a canção acaba, invariavelmente, experienciando uma textura sensitiva assustadora a ponto de fazer o espectador acessar o máximo de sua própria vulnerabilidade. Assim, cada ouvinte se vê novamente como uma criança. Frágil, vulnerável e necessitada de auxílio para se sentir minimamente protegida.
Assim que o primeiro verso se inicia, porém, a canção evidencia a sua natureza rappeada a partir da entrada de uma voz masculina agradavelmente afinada que insere, na receita da obra, uma cadência sincopada levemente rígida, mas, ao mesmo tempo, com requintes de maciez. Uma maciez que engana e ludibria a percepção de autoconfiança. Afinal, por meio de Millenia, Christopher Rodriguez usa de suas observações dos problemas rotineiros para convidar o espectador a uma viagem em prol da verdade e do autoconhecimento.
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