Ela começa como uma brisa de torpor sendo emanada pelo orvalho de uma manhã de outono. Macia e com um frescor evidente, a canção já traz uma introdução consistente e com uma sonoridade precisa em que cada instrumento é ouvido e, inclusive, percebido, em sua totalidade estrutural. Entre uivos agudos de uma guitarra aveludada vinda de James Morgan, a bateria de Gary Husband se destaca pela levada tersinada e o baixo de Hadrien Feraud se faz necessariamente presente com seu groove encorpado a partir de uma afinação ligeiramente estridente. On The Edge é uma faixa inquestionavelmente jazz, mas cuja estruturação dá a ela flertes consistentes de um rock progressivo.
Começando com frases repicadas e bem estruturas por parte da bateria, a introdução segue com uma espécie de veludo nauseante vindo do teclado até sua evolução e sua sincronia com a maciez estrutural arquitetada. O interessante em A Father’s Touch é notar que, enquanto a sonoridade sobressai o veludo das teclas em uma delicadeza estonteante, a base rítmica, a partir da bateria, está a todo o vapor agindo com demasiada consciência em sua atuante precisão de maneira a fazer a canção soar como uma perfeita jam session.
Na faixa-título, o ouvinte é recebido por uma agradável surpresa. O veludo, aqui, não é feito pelo teclado, mas, sim, pela maciez típica do saxofone introduzido pelo convidado Eric Marienthal. Com sua contribuição, a obra sai da estrutura padronizada do jazz e entra em, outra ambiência sonora. Nela, o soul é quem domina a melodia e a energia com uma sensualidade mais evidente e, até, de certo modo, mais libidinosa que dá vasão, inclusive, para que o baixo tenha seu momento de protagonismo.
Em Eyes Of Truth, o flerte com o progressivo volta com densidade já a partir do refrão. Entre versos de caráter ligeiramente sombrio, a canção explora, ainda, noções de psicodelia evidentes a partir das contribuições ácidas do teclado. Conseguindo ser sensual a partir da estrutura da levada da bateria, um artifício que, inclusive, entrega uma movimentação mais fluida, a canção tem em si misturas também do sci-fi enquanto inebria o ouvinte com seu jazz-progressivo-psicodélico.
Já em Samba Sky, uma faixa que começa com uma linearidade precisa em que todos os instrumentos se apresentam juntos em uma melodia uníssona e ondulante, outras surpresas são entregues ao ouvinte. A primeira delas, como o próprio nome da faixa sugere, é a imersão no campo sensual e tropical do samba por meio de sua sonoridade já padronizada em seu toque progressivo. Contudo, para dar ainda mais destaque a esse clima brasileiro, o trio recebe Joey De Leon, quem insere um time de elementos percussivos que deixa a canção mais sensual e fresca.
A Soul In Time é um EP em que o trio Morgan|Husband|Feraud oferece ao ouvinte não apenas um contexto instrumental. Aqui é onde existe consciência musical, versatilidade e, principalmente, o caráter de fusão. Afinal, não é porque o soul está no nome do material que ele é o único gênero a ser abordado. No produto, o trio ainda mergulha profundamente no jazz, enquanto experimenta o progressivo, a psicodelia e, inclusive, o samba.
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