O projeto californiano de San Diego Mrs. Hanry, lançou em 2016 o primeiro trabalho que se chama “Otay”. À primeira vista, o álbum completo apontava a um estilo de vanguarda dentro do rock e hard rock. Isso pegou de jeito o fã de música dos anos setenta, ainda mais que a banda reforçou a sua identidade com o segundo álbum, autointitulado, lançado no mesmo ano. Mas quem pensou que a Mrs, Hanry chegava à cena para ser mais um Greta Van Fleet, errou, pois depois de inúmeros outros discos a banda simplesmente foi capaz de lançar uma ópera rock batizada como “Keep on Rising”.
O fato do coletivo Mrs. Hanry não estar inserido no elenco de uma gravadora ‘major’, não diminui a competência de composição e de produção desta obra que, após escurá-la, entrou imediatamente para a minha futura lista de melhores de 2024. Se você curte óperas rocks como as veneradas “Tommy” (1969) do The Who, “Jesus Christ Superstar” (1970) de Andrew Lloyd e Tim Rice e “The Wall” (1975) de Pink Floyd, terá trinta e oito motivos para gostar de “Keep on Rising”, pois esse é o número de faixas que compõem essa peça dividida em três partes.
A narração fala sobre a jornada cheia de ambições, sucessos, declínio e espiritualidade do rockeiro Your Twenty-First Century Rising Star. Musicalmente falando, o álbum segue uma linha muito próxima de “Tommy”, embora alguns trechos mais pesados e caóticos, como em “In The Land of Nothing Matters” remetam a uma atmosfera mais tensa. Isso representa uma das peculiaridades nessa peça, já que muitas vezes o sofisticado colide com o clássico. Como exemplo, temos “A Time Like This” com uma atmosfera completamente setentista. Contudo, “Keep on Rising” não procura fazer pista de aterrissagem para nenhuma época. O que vale mesmo é você criar o próprio cenário.
Saindo um pouco da questão do roteiro, o que podemos constatar aqui é que os músicos que compõem essa obra são gabaritados. No ponto de vista técnico, existe aqui uma verdadeira odisseia virtuosa, onde riffs e solos de guitarra não são protagonistas das canções, mas complementos. Há virtuose nas vozes, baixo, teclados e todos os arranjos. Também não se trata de um álbum burocrático para mostrar o quanto os músicos são bons e que fazem músicas para outros músicos. Não! Aqui impera a harmonia da maneira mais confluente possível, as melodias e acordes são tão perfeitas que eu mesmo não consigo tirar esse trabalho da função ‘repeat’.
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