Bem interessante quando um artista expõe em sua arte todo o seu senso de observação e visão de mundo. Isso torna os trabalhos muito mais honestos e reflexivos do que comumente é visto, além de nos transcender em experiências alheias, fazendo com que nossa mente se abra mais e aceite mais coisas.
Na música não é diferente. Taylor Swindells, o homem por trás deste projeto chamado Neighborhood Libraries, se inspira nas épocas mais caóticas, em que o mundo desacelera por uma fração de segundo e um brilho de beleza se torna visível para contextualizar seu novo álbum.
E não estamos falando de algo comum ou convencional. Trata-se de uma sonoridade complexa, que requer tanta atenção quanto foi usada para concebê-la. Afinal, além dos vários elementos, estamos diante de um trabalho instrumental, extraído das mais profundas lembranças de seu autor e que, se assimilado da forma correta, irá encantar diversos públicos.
Intitulado “Postcards for the Backyard”, o novo disco do Neighborhood Libraries traz várias influências ambientais, eletrônicas e neoclássicas, que geram composições onde o ouvinte irá remeter a gostos insipidos, mas que revela cores azuis esverdeadas, inserindo-nos diretamente à natureza. Tudo em menos de uma hora, mais precisamente 53 minutos, e quinze composições.
A transição de ritmos e as auras mudam da forma mais natural possível, mostrando este ser um dos grandes trunfos de Swindells, que se mostra versátil, tanto em sua abordagem quanto na execução dos instrumentos. Instrumentos que permeiam por um mundo sintetizado, onde o piano é uma das formas mais orgânicas a aparecem no disco.
As canções, além de contarem com uma produção primorosa, muito bem captada e desenvolvida, ainda são objetivas, não deixando em nenhum momento que o ouvinte caia em algo maçante. Pelo contrário, elas viciam e uma serve de inspiração e motivação para a outra.
Destaque sem dúvidas para a belíssima e emotiva “Youth”, que chega com uma dinâmica interessante e tem um teor progressivo bem cativante. O show de piano de “Yellow Boots In The Yard”, que poderia estar em uma trilha sonora de algum filme de ficção científica dramático, é outro destaque.
Mas, também podemos mencionar “Voices Through the Windows Pane”, uma composição ambiente de fundo neoclássico, onde a euforia pode ser despertada se o ouvinte for pego de surpresa e sem dúvidas, “As the Smoke Begins to Clear”, uma peça dramática de uma sensibilidade magnífica. Mas, como somos indivíduos, cada um pode se identificar com faixas distintas, o que não é nenhum problema.