A guitarra surge ecoante no ambiente. Por meio dela e de sua afinação aveludadamente aguda, o ouvinte acaba sendo agraciado por uma confortável sensação de nostalgia. Assim sendo, a paisagem que se tem é a de um entardecer com um céu repleto de tons crepusculares e místicos, cujos ventos vindos do horizonte trazem uma espécie de frescor saudoso.
Rapidamente, porém, esse aparente minimalismo introdutório passa a se transformar em uma sonoridade mais completa que, agora com auxílio da bateria, do baixo e do teclado, acaba comunicando uma imersão estética na seara do indie rock. Hipnotizante em sua delicadeza espectral, a canção passa a ser regida por uma voz masculina de timbre grave e extravagante em sua curiosa tomada assombrosa que tenta romper com o torpor demasiadamente difundido pela cenografia rítmico-melódica até então desenhada.
Por meio dele, o ouvinte acaba, de fato, reassumindo lapsos de consciência, enquanto é levado, cada vez mais, para um enredo lírico saudosista. Swingada e groovada em seus intensos flertes com uma paisagem new wave, Never Look Back aposta na brandura de sua sonoridade como forma de atrair o ouvinte e contagiá-lo com sua narrativa nostálgica sobre amores perdidos e noites amornadamente aconchegantes de verões passados. Uma canção que, definitivamente, continua ressoando no inconsciente do ouvinte instantes após o término de sua execução.
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