É como sentir a brisa da manhã invadindo o quarto através das frestas da janela entreaberta. Enquanto as cortinas valsam no compasso do vento, a consciência vai sendo adquirida aos poucos, conforme a textura do veludo do lençol e a maciez do colchão vão sendo percebidas. Fresca, confortável e com caráteres entorpecentes, portanto, o que a introdução traz a partir de sua sonoridade sintética é delicadeza e dulçor, simplesmente.
Surpreendentemente, porém, assim que entra em seu primeiro verso, a canção é agraciada por um compasso rítmico sensual e generosamente latino que faz com que o ouvinte seja convidado e instigado a mexer o corpo, como em um ato hipnótico. Misturando noções litorâneas com um frescor aveludado, a faixa tem seu escopo lírico desenhado por uma voz feminina de timbre consistente e grave.
Vinda de Leonie Sherif, ela acrescenta novas doses de swing ao escopo sonoro, enquanto a canção vai se enveredando por uma paisagem latino-africana a partir de seu beat de grandes influências do afrobeat. Contagiante, NGMB, um acrônimo para ‘Never Get Me Back’, providencia um importante e emotivo insight acerca das reflexões pessoais de Leonie, as quais envolvem amor-próprio e autoconfiança, enquanto tangencia a temática do relacionamento, a qual evidencia a necessidade de confiança e cumplicidade.
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