Sua sonoridade é lexicalmente experimental. Um experimentalismo que transpira noções lúdicas marcantes que tornam a canção contagiante em meio ao seu swing curiosamente fresco e delicado. Hipnótica em virtude do sonar agudo, aveludado e tremulante do mellotron, a canção acaba se baseando em uma estrutura linear interessantemente nauseante. Necessário ressaltar que a música é repleta de um charme bucólico proveniente da combinação de texturas entre o violão e a guitarra, o que comunica ao ouvinte uma graciosa imersão no campo do folk. Pint Half Full é uma faixa que, ainda, tem um caráter alucinógeno penetrante que é frequentemente rompido pelo timbre grave e gélido de Tim Ainslie.
A presente canção, em comparação com a anterior, é marcada por uma sonoridade pungente, encorpada e firme. Bastante consistente e precisa, a faixa, no que tange seu escopo rítmico-melódico, é agraciada por uma sensualidade amaciada que mistura uma base blues com requintes jazz que a tornam não somente charmosa e graciosa, mas, também, solar. Contagiantemente swingada, If I Knew Then traz a voz de Ainslie com maior evidência se sobressaindo perante o contexto arquitetônico sonoro geral, garantindo, ao ouvinte, uma degustação mais profunda de seu timbre e de sua essência grave. Agraciada por rompantes harmônicos providenciados pelo toque adocicadamente ácido do hammond, a canção amadurece com um viés animado e alegre, o que a torna bastante convidativa e atrativa. Essencialmente, uma canção divertida que entretêm o ouvinte com sua leveza.
Sua introdução é regida por um sonar curiosamente seco capaz de fazer o ouvinte se sentir levemente inseguro. Como se os instrumentos caminhassem a passos curtos para não serem percebidos, guitarra e baixo se unem entre rompantes bojudos e uma linearidade aguda e breve para dar a noção de um movimento cauteloso. Com uma levada rítmica ao estilo honky tonk misturada com toques blues, a canção, conforme se desenvolve, vai sendo agraciada por noções de movimento fracas, mas o suficiente para dar ao ouvinte uma impressão de fluidez. Produzindo uma arquitetura sonora bastante semelhante àquela de Love Me Two Times, single do The Doors, No Brainer traz um enredo lírico cômico que torna a canção um produto contagiante capaz de tirar sorrisos frouxos do ouvinte, algo que se mantém durante toda a sua execução. Ao chegar ao refrão, a canção fecha a sua receita sensorial com a adesão de frescor e swing em união a um senso descompromissado e, propositadamente, debochado e desleixado.
Como uma repaginação completa de Pint Half Full, No Regrets apresenta um Tim Ainslie & The Vibes explorando ao máximo a sua musicalidade e a sua biblioteca sensorial. Afinal, o álbum é composto por 10 canções rearranjadas de forma a soarem como se fossem verdadeiramente inéditas. Cheias de swing, frescor e crueza, elas trazem consigo um viés experimental denso que tange até mesmo a vanguarda musical por meio de uma combinação de jazz, folk, blues e honky tonk.
Não à toa que as três primeiras faixas do álbum merecem mais atenção em relação às demais. Afinal, do lúdico ao cru, elas evidenciam com clareza cada qualidade mencionada. Claro que, porém, a faixa-título e Mr. Evil, com seu swing sombrio e delicadeza fresca, também têm um diferencial por mostrar uma combinação de elementos que propõe novas experiências sensoriais.
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Site Oficial: https://www.timainslie.co.uk/
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