Quando se trata de peso na música, a primeira coisa que deve se entender é que este elemento não está unicamente ligado ao som. Muito menos que ele está inserido somente no rock. O peso pode vir na batida, nas letras, no riff, no andamento, na melodia, etc. Talvez não tenha limites para defini-lo na música.
Os norte-americanos do Hangtime são um bom exemplo disso, apesar de contarem com leves elementos oriundos do rock em sua sonoridade. Neste novo EP, “Walls”, o grupo de Socorro (Novo México), traz o peso de outras formas, entregando um álbum intenso e caótico.
Focado na música eletrônica, o trabalho é ambientado em uma sonoridade que se contrasta entre batidas fortes desconfortantes com mixers atmosféricos que trazem o lado mais sútil. Isso gera uma forte identidade na música do Hangtime, que a cada audição nos revela mais detalhes.
O mais interessante de “Walls”, é que o EP começa com certa complexidade, mas quanto mais ouvido, mais vai se compreendendo sua proposta. A faixa título, que abre o trabalho, já é intensa, tem uma batida forte e traz sintetizadores ultramodernos, dando um choque inicial no ouvinte.
“NFZ”, a segunda, já é menos musical e funciona como um liquidificador de vocalizações e vozes. Com levada e mixers mais brandos, ela soa mais eletropunk, e mesmo assim, a banda não perde o teor atmosférico que tanto permeia às composições.
Fechando o disco, “Saturate” segue uma linha interessante. Ao mesmo tempo em que aposta em batidas e ritmo com repetições, mostra uma progressão em sua levada, se tornando cada vez mais intensa em seu decorrer. Porém, surpreende o ouvinte. Parecendo ser a mais objetiva do trabalho, ela não traz um ‘boom’, e acaba deixando-nos hipnotizados na expectativa. Bela sacada. Por fim, fãs não só de música eletrônica, mas também de eletropunk e música industrial, se deleitarão com “Walls”.
