Enquanto uma voz adocicada e suave em seu leve tom grave desenhando melismas capazes de já indicar uma imersão lírica no campo do R&B, o cenário que se tem é sombrio. Pegajoso, sem vida e sem qualquer menção de luz natural, ele surge quase como a imaginação vívida do umbral. Rapidamente, porém, algo sobrenatural acontece que muda a perspectiva essa perspectiva inicial.
Eis então que uma mão gigante surge. Com delicadeza, do meio do amontoado de um gramado completamente enegrecido, pega um indivíduo que, aparentemente, se encontra fora de seu estado consciente. De poderes sobre-humanos e espirituais, esse mesmo membro se utiliza de sua sutileza para curar cicatrizes espalhadas pelo corpo daquele que, por ela, foi resgatado.
Durante esse processo, como que se a cura estivesse em processo de alcance, uma série de sentimentos negativos foram caindo em papéis recortados. Desesperança, derrota, insegurança, falsidade, dor. Todas elas retiradas de um emocional extremamente fragilizado e canibalesco.
Com um final de cunho religioso para tal saga, o personagem, já reequilibrado e emocionalmente reconstruído, vê, naquele horizonte antes regido por um negrume espectral, diversas portas de luz incandescente abertas esperando pela sua passagem. Uma vitória contra os próprios demônios e uma verdadeira metáfora para o recomeço.
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