O piano dramático e adocicado traz em si uma ligeira influência clássica vinda de Bach. Combinando delicadeza e veludo, o instrumento faz com que o ouvinte observe, além das janelas embaçadas, a chuva caindo do lado de fora. Contudo, o que vem dessa visão não é o senso de solidão, mas uma curiosa sensação de plenitude melancólica contagiada através da melodia.
Entre notas graves e agudas, o piano acaba transformando a canção em uma espécie de trilha sonora adequada em gênero, número e grau para com os longa-metragens dirigidos por Tim Burton. Não apenas pelo seu toque entristecido, mas pelo seu caráter curiosamente sombrio e suavemente assombroso.
Conseguindo ser visceral através de seus dedilhados esvoaçantes, a canção traz em si, ainda, uma interessante e, de fato, curiosa atmosfera que leva o ouvinte a perceber requintes de uma morbidez ultrarromântica. Algo como uma representação sonora de Os Sofrimentos Do Jovem Werther, obra literária creditada ao alemão Johann Von Goethe.
Desta feita, Hayley Morton faz de Pashley Princess um instrumental minimalista em sua veia clássica. Uma composição indicada para musicar filmes noir em virtude de sua paleta de tons monocromáticos e pela história, a qual aborda um romance dramático de caráter visceral e sofredor.
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