Sem delongas, Passion, a faixa que abre o EP, é envolta em uma atmosfera crua de forma a capturar a essência do Coma Beach em algo que soa como uma apresentação ao vivo. Fundindo swing, torpor e generosos toques psicodélicos através de um único instrumento, sendo este a guitarra, a faixa é agraciada por uma camada lírica preenchida por uma voz masculina de timbre rouco de maneira a, curiosamente, rememorar aquele pertencente ao saudoso Lemmy Kilmister. Introspectiva, é interessante perceber que, com muito pouco, a obra é capaz de destacar uma origem estilística calcada na paisagem do punk.
Unindo dois elementos, sendo eles o azedume fornecido pelo riff introspectivo e entorpecente da guitarra e os golpes precisos e secos da bateria, a canção já fornece ao ouvinte a possibilidade da identificação de sua consistência amorfinante. Com uma levada percussiva mais desenvolvida em sua forma amaciadamente rígida, Bliss explora uma paisagem soturna semelhante àquela estudada pelo Stone Temple Pilots durante sua era Core. O interessante, aqui, é ver que a faixa eclode em uma atmosfera áspera cheia de imponência e uma postura lexicalmente desafiadora, tal como o punk pede.
Ainda que a bateria aqui se apresente sobre uma levada típica do blues em seu compasso temporal em 4×4, a canção tem, na guitarra, aquele elemento que desfila raiva, aspereza e até mesmo requintes de uma insatisfação incandescente. Ainda assim, é inegável que, graças à construção percussiva, Astray (Fallen Angel) se configure como a primeira balada a ser apresentada em Passion/Bliss. Sombria e de textura rascante saliente, é feliz e, ao mesmo tempo, interessante observar a forma como a presente faixa se transforma em um produto punk que enaltece, sem qualquer vergonha, a influência dos Ramones em sua sonoridade.
Passion/Bliss é, essencialmente, um EP de sonoridade excessivamente crua. Ilustrando com maestria a identidade do Coma Beach, o material consiste em uma coleção de canções que convida o ouvinte a caminhar pelas diferentes vertentes do rock que formam a essência do grupo. Do blues ao grunge e passando pelo punk, o extended play é baseado em posturas imponentes e insatisfeitas, as quais são muito bem percebidas principalmente no decorrer das três primeiras faixas do produto. Um item definitivamente elétrico.
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