A paisagem que se tem na introdução é de uma calmaria aveludada e sedutoramente romântica. De aroma excessivamente doce em seu frescor gentil e respeitoso, a introdução é agraciada por uma instrumentação de postura que já se mostra madura. Encorpada e consistente, mas também frágil e refrescante, ela não consegue esconder sua essência apaixonante.
Se tornando charmosa no primeiro verso graças à entrada de uma voz masculina de timbre grave e levemente nasal baseada no idioma espanhol, a música é capaz de combinar requintes acústicos com uma sensualidade comedida e fluida. Ressaltando um certo grau de linearidade estrutural conforme vai se desenvolvendo, a obra ganha surpreendentes e belas harmonias vocais quando entra em seu refrão.
É nesse instante que Patrício Anabalon e o trovador cubano Augusto Blanca fundem suas vozes em um coro que soa delicado em sua beleza simples e tocante. Passado esse pico harmônico, o ouvinte passa a perceber o peso de cada instrumento na construção do enredo. O teclado simboliza o torpor, enquanto o baixo traz um groove potente. A bateria vem com frágeis sensos de lucidez e generosas menções de fluidez, enquanto a guitarra é a responsável pelo swing aveludado. Essa é a receita conjuntural que constrói a sedutora Ovillo De Lana.
Mais informações:
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Site Oficial: https://www.patricioanabalon.cl
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