O dulçor aveludado da flauta sugere um dulçor aveludado, mas cuja postura é enganadora, como se estivesse poupando o espectador de algum tipo de sofrimento. Funcionando como uma espécie de morfina, portanto, o instrumento acaba servindo de base melódica para uma canção que, rapidamente, evidencia ser expoente do campo do rap e, inclusive, do trap.
Regida por subgraves de grande presença na base rítmica como uma forma de oferecer e, inclusive, amplificar o senso de precisão e pressão, a obra acaba sendo acompanhada por um beat que, curiosamente, soa fresco e, ao mesmo tempo, fluido. Nesse ínterim, a camada lírica começa a ser preenchida por uma voz masculina de timbre metálico em seu caráter agudo. Eis Ado Drix fazendo, também do escopo verbal, outro espectro a transpirar fluidez.
Curiosamente, aquém das demais composições que participam do universo rap, Mylar Bagz não oferece, ao ouvinte, drama ou mesmo o ambienta em uma atmosfera urbana e marginal. Ainda assim, existe um momento em que a canção, por meio de um sonar sintético agudo e ligeiramente estridente, torna irresistível, por parte do público, o senso de torpor que passa a abranger o seu ecossistema rítmico-melódico. Ainda assim, a canção garante para si uma estética marcante que contagia o ouvinte graças à combinação de uma curiosa maciez existente entre o beat e os versos líricos.
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