Existe um toque de cinismo debochado na forma como a introdução é construída. Um tanto cômica em certo aspecto, ela evolui para uma tomada atmosférica ligeiramente espacial, entorpecente. Dançante em sua essência cada vez mais cósmica, a canção vai garantindo para si um caráter hipnotizante marcante em sua aparente imersão no campo da new wave. Repleta de uma sonoridade ácida e sintética combinada com a contribuição orgânica da bateria, a obra consegue, de forma bastante interessante, combinar sensualidade e psicodelia. Com o auxílio de uma voz masculina de timbre afinado em seu tom ligeiramente agridoce vinda de James Atkin, Cosmic Discotheque acaba ambientando o espectador na década de 70 em meio à sua paisagem curiosamente sombria.
O swing é um ingrediente que, desde o início imediato da canção, se torna algo necessário e, portanto, indispensável para a construção da energia atmosférica proposta. Produzido a partir de chimbais sincopados em seu som seco, esse detalhe, além de surtir em uma noção de movimento amaciado, garante um interessante toque cinemático que ganha força junto com a acidez adocicada do sonar do hammond. Misturando requintes progressivo-psicodélicos com ligeiros flertes com uma paisagem funk, Close To You dá ao ouvinte a impressão de se tratar em uma trilha sonora de filmes de ação. De forma audaciosa, a obra passa a ser puxada por uma voz feminina de timbre agudo e açucarado que é logo acompanhada por um baixo de postura sensual capaz de confirmar a base melódica funk presente no enredo sonoro. Sincopada, sensual e transpirante em seu caráter dançante, a canção acaba amadurecendo sua paisagem cinemática enquanto embriaga o ouvinte com sua libido rítmica.
Enquanto um uivo é ouvido aparentemente saudando a luz do luar, o baixo entra em cena sem cerimônia. Com uma postura confiante e imponente, ele desfila um movimento sensual cheio de ginga que, mais ainda que na canção anterior, confere uma base melódica fortemente calcada na cenografia sonora do funk. Se baseando em uma estrutura rítmica linear, a canção tem, em uma voz masculina de tom ligeiramente metálico vindo de Richard Foster, o elemento a conduzir o ouvinte de forma ainda mais lúdica para o ambiente proposto. Com direito a suspiros de metais, como o trompete, Something Wicked This Way Comes se matura como uma música atraente e sensual que contagia o espectador sem qualquer dificuldade.
Apesar de ser composto por nove composições, Psychedelic Soul & Trash Vol.3 já se torna um álbum marcante a partir de suas três primeiras faixas. Afinal, por meio delas o espectador já consegue notar a combinação atmosférica musical de gêneros como funk, psicodelia e rock progressivo de forma a culminar em uma miscelânia de paisagens que vão do sombrio ao entorpecente, sendo capaz, inclusive, de promover requintes de libido. Dançante, o disco é, definitivamente, um amálgama sonoro que cria uma grudenta roupagem cinematográfica mista de terror e sci-fi.
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Site Oficial: https://Prankmonkeyrecords.com
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