É audaciosa e experimental, em certo aspecto. Afinal, a obra tem seu início calcado por uma atmosfera harmônica que, rapidamente, leva o ouvinte para um cenário de densa dramaticidade regida pelo som de um choro compulsivo, a qual serve como uma base melódica sentimental ao amanhecer da canção.
Mergulhando, gradativamente, em uma atmosfera visceral por meio de uma sonoridade sintética urbana e marginal, a música passa a ter seus versos líricos prontamente construídos por uma voz masculina grave. Vinda de Luke French, ela ocupa a dianteira melódica através de uma cadência sincopada que traz, em si, uma energia rascante que penetra profundamente no espectador a cada palavra proferida. Afinal, o lirismo vem interpretado por um indivíduo com lugar de fala, o que lhe confere um peso muito mais marcante em sua transparência.
É verdade que se trata de uma canção curta em duração. Porém, durante sua execução, Raw Talk é capaz de embriagar o ouvinte em generosas doses de melancolia, de dramaticidade e de um sofrimento que extravasa a cada nova estrofe e aresta sinteticamente sonora por ela experimentada. Portanto, para aquela audiência que procura por uma música de enredo lírico real, sem fantasia ou brilhantismo, que traz, de forma pura e crua, a vida como ela é, o presente single atende perfeitamente a tais requisitos.
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