Retroactions: um palco para guitarras e Doc Rhombus brilharem

“Retroactions” é o segundo álbum de Doc Rhombus, um multi-instrumentista talentoso que aposta em guitarras e sintetizadores, além do baixo que ganha um destaque consistente nas faixas. Doc é a voz de quem esteve pensando muito, em como as coisas seriam após ficar tanto tempo privado de estar com amigos e a família. O resultado são nove canções que refletem seu estado de espírito, de frustrações a alegrias e como ele vê o comportamento dos outros. Uma alegoria sobre como todos ficamos e ainda estamos, um pouco perdidos, depois de tudo voltar a funcionar de alguma maneira.

“All My Friends” é o ponto de vista que experimentamos a exaustão. Morrer de vontade de estar na habitual convivência, mas não conseguir escapar das paredes de sua casa, das meias e  do moletom. Uma familiaridade que estamos nos permitindo novamente, ainda bem. Por aqui, aparecem sintetizadores e arranjos vocais impecáveis uniformizando uma melodia muito agradável.

“I’m Afraid” recebe guitarras arrasadoras. Batida mais introspectiva e um receio imenso de apenas esperar por alguém em que grandes expectativas foram depositadas.

As canções seguem com arranjos vocais bem construídos e a entonação suavizada e tranquila, mesmo nos momentos de foco sentimental. Bateria e teclados fazem parte do conjunto colaborativo e o fluxo caminha, até que “Hypnotized” aparece dançante, com suas pausas para transições de tempo diferenciadas. Uma abordagem inteligente e criativa que resulta na intenção de seu criador: capturar a atenção do ouvinte.

“Retroactions” é uma superfície de melodias harmoniosas e mais serenas, justamente por tratar de emoções que ainda estamos contornando. Há seus descontentamentos revelados, mas que encontra uma fagulha para seguir em frente. Sintetizadores deixam sua marca e Doc Rhombus entrega uma performance de tons e mixagens, com enredos pessoais, que de alguma maneira nos identificamos. Um álbum em que a dedicação e o carinho do artista estão impressos, portanto convidamos o ouvinte a experimentar. Aproveite.

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