Roadie Music: os 25 melhores álbuns internacionais de 2022; confira

Sempre é bom lembrarmos… Suscita pretensiosidade listas como essa, não acham? Deixamos claro: os VINTE E CINCO melhores álbuns internacionais para a ROADIE MUSIC mediante o olhar particular deste que vos escreve. Pronto! Ah, e comentários são bem vindos em nossas redes sociais, já que COM CERTEZA algum poderá faltar na seleção particular de alguém.

Esse ano tivemos uma qualidade impressionante frente a abrupta produção planetária! Muitos desses artistas que constam na relação, nós tivemos a honra em divulgar o lançamentoObservação: a ordem disponibilizada não é por juízo de valor, mas sim, aleatória. Então vamos lá!

TEARS FOR FEARS: “The Tipping Point”

A expectativa para o lançamento de um duo que representa relevância máxima em se tratando da música pop mundial, é sempre um acontecimento de grandiosas proporções. Ainda mais quando leva 17 anos para se consumar! A inclinação sessentista/beatlemaniaca do trabalho anterior (“Everybody Loves a Happy Ending”, 2004), dividiu opiniões na época. Então Roland Orzabal e Curt Smith, após toda a expectativa através do hiato, trazem em “The Tipping Point”, um flerte preciso com os álbuns clássicos da década de 80, mas sem deixar de acenar para outras perspectivas contemporâneas de cunho orgânico (como o neo-jazz em várias passagens), em prol da imponência de sintetizadores que construiu a lenda em torno do grupo. E temos mais preciosidades para deleite absoluto, um primor!

A abertura “No Small Thing”, traz uma guinada surpreendente para a música folk de perspectivas épicas e étnicas (a Cultura Celta, para ser mais preciso). Mas depois temos o magistral Tears For Fears de outrora, com arranjos sofisticados, vocais incrivelmente harmoniosos, melodias com a rara capacidade de impactar e um conjunto memorável de canções que automaticamente entram para a história em caráter imediato! “Long, Long Time”, a faixa-título, “Break The Man” (com muitas referências oitentistas), a memorável “Master Plan”… É CLÁSSICO que se chama, né??? Sim, toda a espera valeu a pena, o mundo PRECISA E MUITO do Tears For Fears!!!

SAUN SANTIPREECHA: “Dandelye”

O gênero ambient adentra com total protagonismo esta década! Cada vez mais em voga, em tempos onde a aceleração e a urgência fazem parte do cotidiano social, muito em virtude das evoluções tecnológicas. Precisamos deste contraponto, já que a maior parte dos consumidores de streaming, sequer ouvem uma canção em sua totalidade. Ressignificação da arte e o contexto de como se consome música, é uma das grandes revoluções do prognóstico ambient, onde somos amplamente arrebatados em nossos sentidos por essa obra-prima simplesmente magistral em seu intento: o grandioso álbum “Dandelye”!

O artista tailandês radicado em Los Angeles, Saun Santipreecha, já nos impacta em caráter irremediável com a abertura “Seeds Across An Ashen Sky”, uma profusão intensa e absurdamente carregada de elementos surpresa que brotam incessantemente em seu contexto minimalista, mas de forma gradativa. É como se cada segundo culminasse em uma GRANDE revelação. E conforme a experiência vai acontecendo, somos abduzidos para um cenário poderoso cinematográfico, onde imagens vão brotando em proporções vívidas, explodindo sensorialmente nossas mentes através da trilha-sonora instaurada!

Os ruídos de “Conjoined Time”, quando recebem o diálogo do piano de progressão soturna, nos coloca em transe absoluto com a jornada instaurada de sete minutos. Recebemos preceitos futuristas e fica impossível não remetermos as trilhas compostas pelo mestre Hans Zimmer, provando que a projeção visual acaba provinda desses relações que provocam o embate entre nosso interno e o externo espacial. O autor disserta mediante o processo conceitual explorado artisticamente: “criar um espaço dentro do qual coexistam opostos, reflexos e refrações, muitas vezes justapondo momentos no tempo para criar uma impressão de atemporalidade e utilizando tanto sons captados acusticamente, quanto aqueles gerados a partir do vazio de voltagens”.

A faixa-título tem contexto apocalíptico, e se inspira no significado amplo de uma flor que no Ocidente é considerada uma erva daninha, enquanto na Tailândia é flor rara que cresce em lugares restritos. Simplesmente SENSACIONAL! Agora paramos de destacar faixas, se permita viver “Dandelye” em sua plenitude TOTAL, e com certeza após cada audição, sairá transformado de maneiras amplificadas.

RED HOT CHILLI PEPPERS: “Return of the Dream Canteen”

E o retorno do mestre John Frusciante, após 13 anos de hiato, se deu com toda a pompa possível! Dois álbuns no mesmo ano com direção do mago Rick Rubin (basicamente um “quinto Pepper”, trabalhou em 8 dos 13 registros de estúdio da banda), num total de 34 músicas da lenda californiana. Ficamos com “Return of the Dream Canteen” em detrimento a “Unlimited Love” (lançado no primeiro semestre) por uma razão bastante especial: fazia MUITO TEMPO que os caras não mergulhavam em suas raízes do passado, como em muitas passagens deste petardo. O funk com raízes de George Clinton e Parliament, encontrado fortemente em seus trabalhos oitentistas, ressurge em verdadeiras pérolas como “Peace and Love”, “Bella” e “Afterlife”, que poderiam muito bem figurar no estupendo “Mother’s Milk” (1989)!

Aquela psicodelia alternativa que permeia o grandioso “Blood Sugar Sex Magic” (1991), se faz presente subliminarmente na homenagem ao grande Eddie Van Halen (“Eddie”), e em preciosidades “esfumaçadas” que descambam em doce melancolia como “Reach Out” e “Roulette”, por exemplo. É incrível a química que Frusciante professa com o baixo ensandecido de Flea e a bateria avassaladora de Chad Smith, além do diálogo preciso entre nostalgia e contemporaneidade. Temos o Red Hot Chilli Peppers em sua maior quintessência como a muito tempo não presenciávamos! Após incursões pop experimentais diversas com resultados bastante irregulares, temos finalmente um petardo onde os caras retornam as glórias em termos de composição, que os levaram para o MAIS ALTO PATAMAR da música mundial!

PIRATES OF RADIO: “When Stars Collide”

Temos aqui dois fenômenos! Inicialmente por se tratar de um álbum de estreia, que surpreende bastante pela maturidade exaurida em seu repertório que impressiona. E depois pelo distanciamento, os componentes moram em várias partes do mundo (Reino Unido, Dubai, Tailândia, Sul África), e nunca estiveram juntos para compor ou produzir (pioneiros, este processo se deu antes da pandemia!), utilizando ferramentas tecnológicas como whatsapp e na nuvem de forma colaborativa. O projeto multi-étnico Pirates of Radio ataca com seu lançamento, o debut ”WHEN STARS COLLIDE”!

“Somethin/Nothing” arrebata com sua camada atmosférica repleta de sintetizadores em profusão, dialogando uma aura lúgubre em sua construção vocal com vigorosidade da parede sonora instaurada. Realmente é uma grande canção de viés dark-alternativo, com destaque para o refrão carregada de melodias sedutoras, contribuindo para a construção esfumaçada do intento. “S7V7N” é um rockaço de proporções electropop daqueles arrebatadores, nascendo com aquele status indubitável de hino, tamanho o poderio desprendido em sua construção! Mais uma vez não temos como deixar de destacar as vozes, carregadas de intento singelo e soturno simultaneamente, desprendendo técnica das mais elevadas juntamente a feeling irreprensível.

As duas canções citadas carregam ar de ineditismo, pois não foram divulgadas anteriormente como single, condição das outras sete que compõem “WHEN STARS COLLIDE”. O clima energético de “Fight”, a semi-balada climática e brilhantemente gélida “Parasite”, a embebecida poderosa da cena indie dos anos 2000 “Glow”, a intrincada e magistral abertura de “Beehive Riot”, com sua faceta de hit… Uma verdadeira aula de diversidade e vigorosidade simultâneas, embebecida em aura obscura!

DEMI LOVATO: “Holy Fvck”

Nada como uma incursão roqueira pesada para reiniciar com força total uma carreira, após tantas dificuldades PESADAS de prisma pessoal, e despejar todas as fúrias e demônios no qual assolavam seu âmago. E conseguiu conceber seu MELHOR TRABALHO, simples assim! “Holy Fvck”, é o ápice musical da cantora e compositora. Após a primeira audição, o transe sensorial é tão profundo que nós ignoramos automaticamente qualquer coisa que tenha feito anteriormente e pensamos: PORQUE NÃO FOI SEMPRE ASSIM? A simbiose azeitadíssima de alternative-metal, punk-pop, industrial, riot grrrl, garage e hard-rock, proporciona um conjunto AVASSALADOR de 16 canções! Bela maneira de adentrar a faixa dos 30 anos…

A performance vocal IMPRESSIONA, sem querermos soar repetitivos, parece que o rock’n’roll e seus derivados sempre foram sua praia, INCRÍVEL! Os convidados trazem um brilho a mais em petardos azeitados, como na pauleiraça “Freak” (YUNGBLUD), a caótica sedutora do refrão avassalador “Eat Me” (Royal & the Serpent) e o status de HINO em “Help Me” (Dead Sara). Também temos belas baladas que remetem o passado pop recente, mas com roupagem alternativa noventista (“29”, “Happy Ending”, “Feed” e “4 Ever 4 Me”). A principal aquisição foi convocar a guitar-hero da banda de Alice Cooper, Nina Strauss, para dar corpo as composições e fazer a produção musical dos shows ao vivo. E olha, as apresentações da bandaça só com mulheres, tem sido SENSACIONAIS! Foi um dos melhores shows da última edição do Rock in Rio, só para citar um exemplo. “Holy Fvck” é F…!!!

CHARLI XCX: “Crash”

A grande cantora londrina Charli XCX, vem do cenário denominado PC Music (referente a gravadora independente do mesmo nome), que consiste em uma música pop carregada de estranhezas experimentais sedutoras e caóticas. Então, resolveu incorrer em instâncias mais acessíveis e embebecidas de contemporaneidade, pronta para arrebentar nas pistas mundo afora! A mistura acertada de synthwave e electropop carrega a tônica primordial de “Crash”, que já explode com o groove irresistível da faixa-título e nos disponibiliza uma sucessão de HITS absolutamente primorosos. O mergulho na década de oitenta vem sendo uma frequente, mas a personalidade da artista se faz presente em caráter de excelência. Além da voz personalíssima, os ecos de suas raízes hyperpop vem a tona frequentemente para nos lembrar de onde veio!

Neste quinto registro autoral, aproveitou sua impoluta presença cênica para investir em clipes irrepreensíveis, como  nas explosivas “Good Ones” e na faixa-título. “Lightning” (o Depeche Mode agradece pela referência direta) e os duetos com Christine and the Queens and Caroline Polachek (“New Shapes”, perfeita para o strobo das boates!) e Rina Sawayama (o electro-house carregado de cores vívidas, “Beg For You”), são grandes momentos de um disco de música POP carregado de maturidade. Reafirma o nome Charli XCX como uma das grandes potências nesta década que adentramos! Em tempos de luta frente a uma pandemia mundial, é um bálsamo termos essa explosão chamada “Crash”. Deixe tocar em looping e sua festa simplesmente estará garantida!

WHO PARKED THE CAR: “Mad Weather Good Friends”

O soul-jazz-funk do coletivo Who Parked The Car, resulta no grandioso álbum “Mad Weather Good Friends”, um conjunto inexorável de oito faixas realmente incríveis. Bebem muito na fonte do grande Anderson .Paak, que também administra a gravadora Apeshit, um bálsamo para divulgar novos talentos e que carrega TODO o perfil que o grupo atesta no registro.

A trupe formado por Thomas Salvatore (vocal, piano, teclados), Laura Wamba (vocal), Sebastián Muñoz (saxofone alto e tenor, quena), Félix Reneault (saxofone tenor, trompete), César Aouillé (guitarra), Thierry Ququ (baixo), Malo Ropers (percussão) e Alejandro Dixon (bateria), começam os trabalhos com a incrível “Rock Climbing”, onde percebemos a simbiose de música negra carregada de groove e suavidade intermitente em seu diálogo furtivo, discorrendo numa canção comovente e irresistível. Grandiosos vocais duelam em caráter sublime com o instrumental primoroso de ares de big-band! Vale destacar o progresso incessante das percussões durante a experiência, realmente incrível, assim como as quebradas de cadência gradativas e surpreendentes. E olha que esse é apenas o início…

A singela “Third Circle” arrebata-nos emocionalmente, o feeling desprendido é absolutamente primoroso, com o sax e o piano denotando um espetáculo de grande excelência. A progressão sensorial que trafega crescente, leva o petardo instrumental para uma jornada épica simplesmente memorável! Entre tantos momentos sublimes, temos aqui um HINO dentro da seara neo-soul-jazz. “Cesar’s Dream” carrega uma sutil latinidade em sua propulsão, regida pela voz magistral de Laura. Também percebemos um intento art-rock que remete particularmente a lenda britânica Supertramp, com a guitarra tomando ares incendiários neste registro. Chega de destacar faixas,“Mad Weather Good Friends” é para ser degustado de uma tacada só, porque é maravilhoso em toda a sua plenitude! Who Parked The Car, um dos grandes nomes surgidos na música mundial, anotem aí!

MARILLION: “An Hour Before It’s Dark”

A última banda do rock progressivo a chegar no mainstream, ampliou seus horizontes musicais desde a chegada do vocalista/compositor Steve Hogarth no início da década de 90, mas nunca deixou de exibir uma bela primazia sonora, agradando em cheio o planetário séquito de seguidores. Mas não temos nenhum receio em afirmar que “An Hour Before It’s Dark”, é um dos trabalhos mais emblemáticos e impactantes de toda a longeva carreira do bardo inglês. O conceito realmente nos arrebata, pois o distanciamento proporcionado pela pandemia suscitou uma quantidade enorme de obras que expurgava demônios, mas simultaneamente propagava esperança frente a dias melhores que brotariam no horizonte…

Falar do instrumental é “chover no molhado”, mas a verve poética partindo dos títulos, trata a questão da pandemia com acidez, melancolia, tons realistas e bastante desesperança, se consistindo no relato mais transparente artisticamente possível sobre os acontecimentos que impactaram o planeta. As imersões atmosféricas na convenção dos arranjos, servem para situar os estados metafóricos que o ser humano foi se encaminhando em razão dessa experiência abrupta. Aquele discurso motivacional do “vamos sair melhores dessa”, sabemos que não obteve resultado esperado e são devidamente exasperados aqui em críticas diretas ao comportamento do ser humano perante a sociedade. Claro que também lida-se com direcionamentos, mas todo a contextualização é carregada de lirismo perante os belos vocais de Hogarth. Álbum para se embarcar em uma avalanche de sentimentos, ao mesmo tempo em que se é arrebatado pelo nível de primazia das composições. CLÁSSICO!

GHOST: “Impera”

Para desespero dos radicais, os suecos do GHOST a cada trabalho, acenam para instâncias mais acessivas em sua sonoridade partindo de uma premissa evolutiva. A teatralidade de ares terroríficos, não possui o mínimo temor em ousar frente as composições, e “Impera” representa um ápice conceitual e também musical. O AOR/hard’n’heavy promulgado, rende uma série de HINOS para arenas absolutamente irresistíveis em sua propulsão, como “Kaisarion” (algumas passagens remetem a fase mais hard do Rush), “Spillways” (sintetizadores oitentistas e refrão de grande poderio sensorial), “Griftwood” (não temendo mergulhar numa resplandecência POP) e a balada épica de ares soturnos “Respite on the Spitalfields”, fatalmente ampliarão o público do grupo (que já é o maior fenômeno pesado do século XXI!) liderado por Tobias Forge.

Nos remete bastante ao bardo oitentista inglês DEMON, que estampava em suas capas ilustrações assustadoras e sempre trazia alguma introdução assustadora para nos arrepiar os fios do cabelo. Mas quando a música adentrava, era exatamente um som roqueiro para as massas, assim como o GHOST vem discernindo. Conceitualmente, se mantém profundos filosoficamente, elucidando sobre os impérios e seu caráter cíclico na sociedade, e dividindo o registro em três momentos (anunciados por vinhetas) para contar esta instigante história de referências profundas. DISCAÇO!

The GOAT: “The Details Are Vague”

A música eletrônica se consiste em território de rara semeadura, onde sempre temos acesso a verdadeiras revoluções sonoras advindas do segmento brotando em todos os recantos do planeta! Diretamente de Vancouver, o DJ e produtor de tendências, The GOAT, impacta com um álbum que promete sacudir as estruturas do cenário, pois desprende suas propensões techno para caminhos repletos de expansão vívida, embarcando o ouvinte em uma experiência absurdamente inesquecível em seu prognóstico. O primoroso “The Details Are Vague”, consiste num revolucionário e poderoso conjunto de doze grandes petardos!

A introdução matadora de “Removed From Service”, abusa de grooves intermitentes, exasperando um prognóstico carregado de ambientação futurista, esfumaçada e underground, típica do mais tradicional cenário dos clubes do estilo. É inevitável não sermos abduzidos instantaneamente por esse furacão de possibilidades, onde somos levados a uma viagem sensorial extraordinária! Percebemos ecos da grande lenda The Chemical Brothers, e isso definitivamente não é pouca coisa. A marcha caótica de “Good Morning Sinners” exaspera um estado primoroso de tensão, é como se estivéssemos dançando freneticamente em meio a um cenário do fim dos tempos, onde o synth em crescimento gradativo e dialogando lindamente com a explosão incensada, traz a tônica do petardo!

O sentido carregado de proporções ambient promulgado em “Ephemeral”, adentra-nos em um cenário imagético de trilha-sonora, onde contextos cinematográficos surgem de forma minimalista e abrupta simultaneamente. Simplesmente SENSACIONAL o conceito carregado de mistérios no qual a experiência se desenvolve, o grau de cerebralidade é intenso aqui! “You Missed The Forest For The Trees”, segue a mesma tendência de “viagem interplanetária ao fundo do ego”, que nos remete demais as obras de Hans Zimmer e Vangelis, carregada de complexidade sinergética. O pancadão techno “Textiles & Plastics”, acena novamente para as pistas com ferocidade,  não deixando pedra sobre pedra, varrendo tudo em caráter avassalador! “The Details Are Vague” é memorável, trazendo um suspiro em forma de obra-prima para o gênero!

NENEH CHERRY: “The Versions”

Neneh Cherry é uma das artistas que mais (E MELHOR!) se transmutou ao longo de uma sólida e longa trajetória artística. Mas sempre com absoluta competência e respeitando as transições entre essas passagens, sem sobressaltos radicais. A sueca que passou do synth-pop europeu entrelaçado com sons urbanos da America (como rap frestyle, miami-bass e o black/dance da época), passou para sonoridades com forte identidade étnica e incursões dramáticas, foi um parâmetro para o cenário trip-hop, até descambar para o infinito terreno da música eletrônica. Quando resolve conectar sua obra com o ano de 2022, novamente exclui do seu dicionário a expressão ZONA DE CONFORTO! Resolve revisar seu cancioneiro só com mulheres da nova geração e trazendo liberdade para as convidadas deixarem sua marca registrada. “Os novos visionários que estão me dando vida”, afirmou ao receber o prêmio Icon Award no Bandland Awards 2022, deixando claro que queria troca com “os incríveis visionários” influenciados por ela.

O resultado de “The Versions” é PRIMOROSO! Impressionante como clássicos como “Buffalo Stance” (o petardo das pistas se transforma em uma “tribalização desacelerada e atmosférica”, com grandes vocais de Robyn), “Woman” (mantendo a interpretação visceral e o tom sombrio com ANOHNI), “Buddy X” (eletrônica e sedutora na medula, a única com os vocais de Cherry e também traz um grande remix ao final do registro), “Manchild” (pungente violino frente ao sedutor canto de Kelsey Lu) e “Sassy” (electro-jazz climático, com voz surpreendente de sua filha, Tyson), apenas para citar algumas faixas, se reinventam e parecem estar prontas para ter uma nova sobrevida frente a década que adentramos! Neneh Cherry definitivamente não joga para perder e se afirma como uma das grandes artistas do nosso tempo…

KENDRICK LAMAR: “Mr. Morale & the Big Steppers”

Após considerável espera (desde 2017), um dos mais aclamados rappers da atualidade lançou em grande estilo seu quinto trabalho autoral, “Mr. Morale & the Big Steppers” (dividido em 3 partes, com um total de 19 canções), e definitivamente chegou ao OLIMPO em se tratando de maturidade artístico-musical! A criatividade de proporções minimalistas impactantes (como o som do sapateado, além de piano erudito e sintetizadores em vários momentos-chave), é acometido pela metralhadora giratória IMPRESSIONANTE do artista.  Deslumbra como contextualiza sua verve poética em instâncias tão rápidas e explosivas, e contando com o grande alcance de sua voz. As quebradas de cadência além de favorecer toda a diversidade musical, ainda explicita os estados que são abordados: relações familiares e sociais, experiências e reflexões sobre questões raciais e de gênero, além de críticas incisivas frente a cultura midiática atual.

Inevitável não destacarmos o surpreendente duelo com a atriz Taylour Paige, em “We Cry Together”, onde o nível de tensão perante a relação abusiva instaurada na discussão de tintas ácidas, chega num pungente nível exasperado, causando atrativo incômodo. MAGISTRAL! E aliás, o clipe em plano sequência é SENSACIONAL, parece descrever exatamente o que imaginamos após a primeira audição. Muitas lições são tiradas dessa experiência… Em “Autie Diaries”, reflete sobre a transexualidade do seu tio, já “Father Time” divide conosco a experiência da paternidade, enquanto “Mother I Sober” reflete frente a sobriedade e abuso seguido de luto na comunidade preta. É para ser absorvido em toda a sua essência, porque é um dos maiores trabalhos de rap surgidos nos últimos tempos!

THE PALFREYMAN COLLECTIVE: “The Palfreyman Collective”

Desde os primeiros segundos da abertura até o encerramento com uma grande encore, somos impactados em perspectiva completa! É realmente algo para celebrarmos nos dias atuais. Trata-se de um grande acontecimento, muito mais que um mero lançamento usual, porque realmente estamos frente a um trabalho que veio para balançar as estruturas e escrever incisivamente seu nome nos anais da história musical. A trupe de ALTÍSSIMO NÍVEL, com músicos de carreira internacional liderada pelo musicista londrino David Palfreyman, o The Palfreyman Collective, promove um álbum auto-intitulado que realmente acaricia nossa alma e possibilita um paradigma sensorial dos mais impactantes!

“To Die, To Be Really Dead” introduz um verdadeiro mantra rock’n’roll, onde as vozes e o instrumental poderoso, duelam em fantástica primazia. O petardo que já nasce com ares indubitáveis de HINO, carrega preceitos clássicos com frescor admirável, trazendo um novo suspiro para o gênero para realinha-lo no devido patamar que lhe é cabido! A pungente “Isn’t It So” nos embala frente ao duelo arrebatador entre voz, arranjo, solo de guitarra e saxofone com excelência em sua condução. Não iremos mais destacar faixas,  pois “The Palfreyman Collective” é para ser imergido em toda a sua plenitude, SE JOGUE!

MEGADETH: “The Sick, the Dying… and the Dead!”

O Megadeth é uma das maiores instituições do thrash-metal mundial! Lenda perante hordas mais pesadas independente do sub-gênero em questão, há bastante tempo vinham sendo contestados por não impactar (como nos velhos tempos)  frente a um novo registro autoral. Mas esse dia chegou, e não temos dúvidas que “The Sick, the Dying… and the Dead!” é o trabalho mais emblemático do quarteto liderando por Dave Mustaine, desde os tempos da sólida formação clássica (com Marty Friedman, Dave Ellefson e Nick Menza) nos anos 90. E os fatores que contribuíram para canções arrebatadoras foram vários… Sem “puxar areia para o nosso saco”, o ex-Angra Kiko Loureiro supera sua estreia no anterior “Dystopia” e bota pra quebrar em instâncias mais melódicas e rápidas, que obviamente valorizam mais seu estilo harmônico, já que os solos nem precisamos comentar, são sempre avassaladores!

Mustaine no alto dos seus 61 anos, venceu recentemente um câncer na garganta, e esse fator contribuiu para um cantar mais contido e soturno, simultaneamente sem descaracterizar o estilo murmurado do front-man, que sempre dividiu opiniões entre amor e ódio. O baterista Dirk Verbeuren, carrega toda a influência death-metal para um perfeito show de “quebradeira” frente ao instrumento, principalmente nas músicas desprendidas em velocidade. A química juntamente a esses fatores (lembrando que Ellefson saiu por um escândalo sexual no início das gravações e o baixo foi gravado por Steve DiGiorgio, do Testament) contribuíram para que tenhamos um petardo que faz qualquer entusiasta do estilo ficar com o pescoço doendo e um sorriso de orelha a orelha, tamanha as variações rítmicas e letras azeitadas de praxe questionando a destruição do planeta. Vale destacar a incrível participação do rapper ICE-T, vocalista do Body Count. CLÁSSICO!

STROMAE: “Multitude”

Esse artista merece que rememoremos como tivemos acesso a sua obra/figura. Estávamos no Festival Back2Black (um dos melhores em apresentar música negra e étnica do planeta no eixo Rio/São Paulo), prontos para bater em retirada, quando percebemos que a última atração havia arrematado uma pequena multidão eufórica para a beira do palco. Quando aquela figura esguia, vestida de um jeito peculiar e nada extravagante, é acompanhado em uníssono com suas letras EM FRANCÊS, voltamos e prestamos bastante atenção que fenômeno era aquele que estava ocorrendo! A estranheza melódica junto a dance music, deixava o cenário cada vez mais atrativo e hipnótico. E ficamos com esse nome, do belga filho de pai Ruandez, guardado em nossas mentes…

Só que tivemos hiato bastante longo para ter acesso a um novo trabalho autoral seu, mas precisamente 9 anos! Podemos dizer que a espera valeu toda a pena em “Multitude”. As letras afiadíssimas carregadas de crítica social, juntamente com influências étnicas das mais díspares, denotam porque STROMAE é um ponto fora da curva. E sim, merece que muita gente o espere em um festival até as 4 da manhã! O coral búlgaro envolvente de “Invaincu”, reggaeton liderada pelo instrumento exótico sul-americano charango em “Santé”, assim como o uso do Erthu, tradicional na China e com forte pegada afro-beat em “La Solassitude”, suscitam porque esse disco precisa de mergulho instantâneo, porque são apenas as 3 primeiras músicas e o resultado  já é INCRÍVEL. Vale também destacar os vocais repletos de personalidade (declamado, sem necessariamente ser rap) e a produção de saltar os olhos. Valeu a pena não ter ido embora para te assistir STROMAE, e também por aguardar seu novo lançamento, pois és um dos nomes mais instigantes surgidos na música pop mundial!

Mt FOG: “Spells of Silence”

A artista provinda de Seattle faz jus a tradição de sua terra local (berço de muitas lendas da história da música!) e simplesmente brilha nos mais altos patamares num conjunto fenomenal de dez canções! Mt Fog descreve narrativas de introspecção e tristeza, através de soluções musicais vívidas e pungentes, com uma voz que realmente faz a diferença, onde alia um mix de sofreguidão emocional, autenticidade e técnica realmente aprofundada, para dispor com louvor o que ocorre na obra-prima “Spells of Silence”.

A faixa de abertura, “Behind a Silent Door”, carrega permeios de synth-pop e experimentalismo, dialogando com permeios eletrônicos e camadas atmosféricas numa coesão ABSURDA e ainda exaurindo personalidade pelos poros! Você não encontrará nada similar ao que Mt Fog produz aqui! “I Am the Sea, You Are the Clouds” é uma balada regida por violino e sintetizadores em profusões cinematográficas, que embarca em um crescente gradativo que alcança proporções épicas. E vale ressaltar, QUE INTERPRETAÇÃO VOCAL, é absurdamente comovente o contexto apresentado pela artista. “I’m The Lake” carregada de mistérios, se afirma como um libelo alternativo genial em suas pitadas étnicas. Mergulhe em toda a complexidade SENSACIONAL de “Spells of Silence, é essencial!

JACK WHITE: “Entering Heaven Alive”

A exemplo do Red Hot Chilly Peppers, Jack White explicitou toda a sua força criativa e também lançou dois álbuns em 2022. E a exemplo dos californianos, também ficaremos com o segundo, “Entering Heaven Alive” (em prol de “Fear of the Dawn”), mas não pensem que seria por alguma superstição… O multi-instrumentista que cada vez mais marca golaços em sua carreira solo, explora com profundidade permeios acústicos protagonizados por violões e piano, e abusa da sutileza e lirismo em um punhado de canções absolutamente memoráveis. Sim, é um trabalho comovente, onde  influências profundas são exasperadas em prol desta sutileza singela, mas que não abre mão do vigor que caracteriza o artista de Detroit.

Verdadeiros marcos são concebidos, como “A Tip from You to Me” (e sua verve zeppeliana), a sutileza sublime de “All Along the Way” (com preceitos minimalistas adornando as melodias), o prisma jazzístico/lisérgico de “Y’ve Got You Surrounded (Whit My Love)” (absurdamente sedutora!), o folk/blues que Bob Dylan e todos os mestres do gênero abraçariam com  louvor em seus repertórios, “A Madman From Manhatan”, além de  evocar nitidamente Tom Waits em “Queen of the Bees”. Por favor, não se assustem com a suposta calmaria que discorremos aqui, porque Jack White chega em seu ÁPICE ao tratar de composições, utilizando o carisma vocal que lhe é peculiar e toda a multiplicidade dos zilhões de instrumentos que adentram seu campo de pesquisa. É um dos trabalhos mais bonitos nessa seara em bastante tempo…

slow.fall: “mnk sht”

O isolamento social em virtude da pandemia, contribuiu para uma produção artística incessante em âmbito mundial, mecanismo de urgência para desopilar as tensões internas provenientes de tempos bastante difíceis. slow.fall nos presenteia com o fantástico álbum de estreia, “mnk sht”, concebido de forma descompromissada na sala de estar, sofá, mesa e no chão da sua casa (como muitos trabalhos desse período de bloqueio!). A instintividade aliada a sensibilidade, costuma ser uma parceria poderosa na criação instrumental diversificada com intentos ambient.

O álbum abre com “little idea”, onde probabilidades eletrônicas através de beats e pianos na companhia de sintetizadores em profusão, transfiguram um mundo mágico de propensão sensorial. O contexto tribal nas batidas é altamente sedutor! “flanking” discorre por uma premissa ainda experimental, mas calcada no neo-jazz, com destaque para o incrível diálogo do saxofone junto ao piano, proporcionando uma experiência fluida e bastante agradável em seu intento. 

“like water” como o próprio título sugere, navega em ruídos de água corrente para discorrer mais um grande poderio instrumental, com grande destaque para o piano de fins eruditivos e o baixo carregado de groove, trazendo outra grande canção! A primorosa “wooden dummy”, carrega ares cinematográficos de intensidade ímpar, construindo grandes fotografias em seu retrospecto sinergético. O experimental invade definitivamente “stick”, com um crescente gradativo de peculiaridades minimalistas que envolvem o ouvinte em noção arrebatadora. INCRÍVEL! “yeld” traz estrutura singela de synths, abarcando um contexto futurista em seu paradigma, remetendo ao saudoso mestre Vangelis. A viagem no tempo acontece inevitável aqui!

“the way is clear” traz uma simbiose de tudo que presenciamos até então, mas moldado por um diagrama étnico, impressionante como o som de vários tribos e civilizações parecem nos abraçar em molde sinergético! “bridge” traz propensões épicas, com arquétipos eruditos e jazzísticos simultaneamente, e impressiona pelo instrumental de grande excelência. Cordas, piano e sax travam um duelo violento mas coeso dentro da abrangência, e o vencedor dessa abrasiva “batalha” somos todos nós, sem dúvida! O clima misterioso que evoca a intro de “suppression”, cresce em camadas atmosféricas arrebatadoras, promovendo um espetáculo de rara beleza. Inevitável não remetermos a psicodelia em mergulhos mais musicais, como degustamos ferozmente no cenário do rock progressivo. MARAVILHOSA! E a encore se dá com “impermanence”, um registro singelo, exalando frequências energéticas de grande intensidade emocional. É realmente um encerramento para nos levar as lágrimas, tamanha delicadeza associada ao contexto de grandiloquência cinematográfica arrebatadora!

Não nos resta dúvida que se trata de um dos grandes debuts do ano! Referente ao conceito abordado, o autor discorre mediante as intensões promovidas nesta grande obra: “os títulos das faixas estão todos relacionados a conceitos de artes marciais e o título do álbum (assim como meu nome artístico) a uma classe marcial em Dungeons & Dragons. Gostei da justaposição de referenciar algo inerentemente violento na superfície, mas fazendo o conteúdo da música real um pouco pacífico. Suponho que isso se alinha com o andamento das tentativas em encontrar minha própria paz interior.” SUBLIME!

¡BAS!: “Layer of ¡BAS!”

O músico, compositor e cantor Basílio Garcia, dá uma verdadeira aula de diversificação musical, aliando experimentalismo e simultaneamente altíssimo entendimento pop, ao permear por vertentes das mais díspares e apresentar um resultado simplesmente INCRÍVEL! O lançamento do álbum “Layers of ¡BAS!”, coroa um acontecimento de proporções gigantescas, uma espetacular seleção de doze músicas! A introdução do disco, “Own Time”, destilando nervosamente funk, disco, eletrônica, psicodelia, incisões alternativas e vocal de procedências hipnóticas, já atesta que nossa viagem será sem volta e irrepreensível!

“My House” acena mais diretamente para as pistas, adentrando com eletrônica tribal repleta de fúria, abduzindo o ouvinte em uma viagem sensorial simplesmente explosiva! O refrão “house, my house” é simplesmente sensacional, grudando em nossas mente e sem nenhum esforço nos faz gritar a plenos pulmões em uma intimidade recorde. As variações provindas das mudanças de intenção, provocam quebradas de intenção sinergéticas gradativas, funcionando como um belo elemento surpresa. Incrível resultado! E ainda estamos no início do registro…

Os belíssimos vocais femininos de “Right Seasons”, como o título determina; a pérola black com ares de hino “Soul”; a sedutora inclinação futuristas “Space” (belíssima canção!); o R&B de ares Motown devidamente imergidos em eletrônica arrebatadora (outro clássico concebido!); a viajante e lisérgica “Nithgride DUB”… UFA! O homem por trás do projeto ¡BAS! discorre sobre o conceito elaborado para tal feito: “o pensamento por trás do projeto foi destacar como é estar em uma corrida criativa sem limites. Cada música fala de um sentimento ou pensamento que a maioria de nós teve. Seja inspirado, irritado, nostálgico, feliz, focado ou introspectivo. O álbum pretende ser genuíno, sem se preocupar com a necessidade de se encaixar em uma caixa de gênero.” Em nossa primeira audição, não tínhamos  dúvidas que estaria em todas as relações de melhores do ano de 2022, porque é MAGISTRAL! 

RAMMSTEIN: “Zeit”

Os alemães se reafirmaram como um dos grandes espetáculos surgidos nos palcos, com a peculiar sonoridade acompanhando o combo de explosão, peso, intentos góticos/eletrônicos e doses generosas de caos esfumaçado somadas a pitadas de luxúria, que ajudaram a escrever a história vitoriosa do grupo, elevando-os ao status de potência em língua não inglesa. Sempre existe bastante expectativa mediante seus lançamentos autorais frente ao grandioso séquito de fãs ensandecidos, que fazem do ato um verdadeiro acontecimento de proporções apocalípticas! Mas então, “Zeit”, traz surpresas que denotam claramente um amadurecimento musical, mas sem abrir mão do arquétipo teatral que solidificou o Rammnstein perante o mundo.

Este oitavo álbum da discografia, aposta em preceitos melancólicos, soturnos e mais cadenciados, carregados de camadas atmosféricas. Mas obviamente sem abrir mão do peso e do exemplar talento para composições que o bardo germânico sempre apresenta. Sintetizadores se fazem mais onipresentes do que o dito Neue Deutsche Härte, o sub-gênero de metal industrial arrebatado pelo grupo, mas que aparece em “Giftig”, talvez a faixa que mais rememore esta característica marcante do Rammnsteim. A questão a se avaliar é a seguinte: a mudança deu certo, como ficou o resultado final? EXCELENTE! Um passo a frente que resulta em um punhado de 11 petardos incríveis! E com sobras, “Zeist” é um dos grandes discos desse ano… Fãs mais radicais, até vocês serão devidamente abduzidos por esta grande obra!

FEIGUR: “III, Ascension”

Impressiona a maturidade musical desprendida pelo Feigur nesses quinze anos de estrada! De uma banda de black metal com intentos atmosféricos e lúgubres, para uma coesão sonora ainda pesada mas carregada de uma gama de arquétipos progressivos diversos: eletrônica, incisões ambient, drone e alternative, consistindo uma simbiose instrumental apocalíptica, caos devidamente instaurado em canções arrebatadoras no conceito primal, que é a jornada pós-morte devidamente alicerçada nos processos de dor, luto e cura!

“III, Ascension” é um primoroso encadeamento de nove faixas absolutamente irrepreensíveis! “I Déchirements: No. 1, Aboutissement”, inicia os trabalhos com uma progressão soturna de sintetizadores basicamente mantrica, recebendo o ataque de guitarras pesadas e clima de devastação, juntamente com um avassalador processo ambient. Realmente nos encaminha para uma viagem sensorial que retrata todo o processo incensado na temática. O clima de fim dos tempos carregado de rara beleza melódica, se impondo pelo minimalismo dos detalhes, é simplesmente SENSACIONAL, uma jornada irrepreensível de mais de seis minutos!

“I Déchirements: No. 2, Séparation” carrega um ar de trilha-sonora underground absurdamente sedutor, construindo imagens cinematográficas com tensão, embaladas em futurismo distópico e assustador simultaneamente. Uma marcha fúnebre carregada de permeios ambientais preciosos, ressignificando totalmente a viagem concebida. A próxima fase com “II Deuil de soi, deuil de l’autre; No. 1, Sous le marbre” traz uma intensidade que exala cores mais claras, apesar do crescente instrumental acrescido de pianos eruditos, que proporciona uma outra explosão sonora amplamente arrepiante em seu questionamento de ordem sinergética. A quantidade de sensações exauridas neste registro, realmente impacta qualquer ouvinte que se permita a experiência proposta! A fase III do conceito, inicia com a “emotivamente caótica”, “III : Apaisements: No.1, Au dessus des steppes”, envolta com “tiros industriais” e depois uma base tribal carregada de um intento que remete a new-age, absolutamente MAGISTRAL! OBRA IMPRESSIONANTE!

THE TEMPER TREE: “Act Like Nothing Is Wrong”

Os alemães do THE TEMPER TREE, no seu segundo lançamento em formato de álbum, consolida-se como uma das grandes bandas surgidas nos últimos tempos. A coesão sonora que permeia uma veia rock’n’roll incandescente que se conecta com gêneros dos mais díspares, exasperando sua própria personalidade, é o principal trunfo do bardo. Para aqueles que professam a balela que “o rock está morto”, esta audição é fundamental!

“Act Like Nothing Is Wrong” inicia os trabalhos no petardo “A Violent Act” em probabilidades hipnóticas, onde o riff soturno sintetizado carregado de groove, dialoga furtivamente com guitarras de forte permeio hard rock. O vocal sublime conduz a narrativa para espasmos pop de grande valia, com o refrão de ares de arena, soando grudento e perfeito para ser gritado por uma multidão ensandecida. Além do senso de humor incrível que pode ser presenciado no videoclipe de divulgação. Que início SENSACIONAL!

Fúria emergidas em guitarras exalando criatividade, com o baixo exercendo protagonismo como em um grande duelo em “That Someday”; melodias incandescentes com intentos garageros irresistíveis na “Where You Belong”; a caótica e poética “Against All Ods”… “Act Like Nothing Is Wrong” é para ser emergido em toda sua totalidade, porque simplesmente ARREBATA! THE TEMPER TREE firma seu nome na história…

AURORA: “The Gods We Can Touch”

Um dos maiores nomes surgidos frente a nova geração da música mundial, a norueguesa Aurora mostra que por mais que tenha alcançado respeitabilidade, respeito da crítica e fãs ao redor do planeta frente a seu estilo tão peculiar, não quer saber de acomodação e promove um passo adiante em sua trajetória. A sonoridade atmosférica que transita em instâncias hipnóticas e suave por intentos étnicos/new-age (muita conexão com a natureza), synths, indie-folk e prerrogativas épicas, só valoriza o tom melodramático do imponente canto, que exaure personalidade e ainda conta com sua forte presença cênica, encantando ao exalar carisma pelos poros! Seu terceiro álbum parte para instâncias pop corajosas sem medo nenhum de transcender felicidade, além da expansão de suas causas panfletárias  para outros paradigmas.

O single de sucesso “Cure For Me”, acena lindamente para as pistas e enfatiza a luta da comunidade LGBTQIA+, contribuindo para o nascimento de um HINO! A verve poética enfatizada no amor universal, fez todo o sentido mediante as instâncias mais dançantes, mas obviamente os momentos reflexivos, uma marca-registrada consolidada em seu estilo não poderiam faltar. “You Keep Me Crawling”, “Exist For Love” e “Heathens” é uma sequência tão arrepiante, que periga voltarmos e não continuar a viagem sensorial magistral que se encerra em “A Little Place Called The Moon”. Uma das mais emblemáticas artistas surgidas nos últimos tempos nos entrega seu melhor habitual acrescido de novidades e surpresas. Resultado? Seu ápice, IMPRESSIONA no melhor registro autoral de uma carreira que se permeia pelo brilhantismo! BRAVO!!!

CHRIS IANUZZI: “Maze”

Respeitável público! É com toda nossa honra e prazer, que apresentamos um dos trabalhos mais viscerais, criativos e espantosos de música eletrônica nos últimos tempos: o mago de Nova Iorque, Chris Ianuzzi, e seu novo lançamento, “Maze”! A abertura dos trabalhos com “Hunder – EDM Mix” é simplesmente um nocaute proeminente na corrente sensorial do ouvinte, hino de caráter apocalíptico! Distorção em arquétipos industriais, sintetizadores incandescentes, probabilidades futuristas… Simultaneamente acena para as pistas de clubes esfumaçados e underground, dialogando com a cerebralidade de outrora, transformando cada batida em um intento poderoso também para ser compreendido. Assim como a deliciosa contradição de poder figurar tranquilamente no repertório do Prodigy, mas também trazer os elementos EDM que carregam contemporaneidade. GENIAL!

A vertente alternative-rock é suplantada no brado caótico “Infinite Prize”, onde vocais exasperados percorrem as distorções carregadas de microfonia, embargadas no duelo nervoso com os sintetizadores, trazendo uma psicodelia áspera com os pés no futuro ao acenar para estruturas ambient primorosas! É algo tão cinematográfico em sua suplementação gradativa de imagens, que fica realmente complicado traduzir com palavras, OUÇAM! “Lonesome Highway Superstar” carrega muitas minúcias em seu intento, sinergeticamente somos abduzidos nessa viagem de formato gradual, onde novamente vozes angustiadas e guitarras voltam a dar as caras durante a progressão e o resultado é SURPREENDENTE! “Maze” MAGISTRAL como um todo!

MY BABY: “sake sake sake”

O synth-pop repleto de probabilidades hipnóticas, promove uma incisiva experiência “lisérgico-futurista” na consciência sonora deste grupo de Amsterdam. Trata-se de uma das novidades mais interessantes surgidas no mercado mundial da música dos últimos tempos! O álbum “sake sake sake”, é o que podemos chamar de um grande ACONTECIMENTO!  A abertura “stupid”, com os sintetizadores em profusão, groove matador e vocais robóticos, nos coloca em uma explosão pop das mais vívidas e obviamente em percalços de ficção-científica como é de praxe. Somos devidamente abduzidos para outra dimensão com um dos grandes hinos electro-pop concebidos nos últimos tempos, garantia inabalável de HIT e com muitos remixes florescendo aos borbotões pelo planeta, porque é um ESPETACULAR aceno para as pistas!

A sensualíssima “gasoline” traz suas referências trip-hop, destacando a força incontestável dos vocais incríveis de Cato van Dyck, trazendo uma perspectiva musical mais orgânica e que abala nossas estruturas sensoriais, tamanho o nível de sedução desprendido. A faixa-título é um petardo embebecido em ares oitentistas, e que destaca o excepcional trabalho instrumental do bardo holandês partindo para permeios mais garageros. Não podemos esquecer de destacar o refrão, absoluto em sua coesão e perfeito para ser bradado a plenos pulmões!

A viajante “don’t fight it” é soturna, e nos conduz irremediavelmente para um ambiente esfumaçado e de cinematografia underground, com mais um show de vocais que simultaneamente evocam parâmetros líricos, nos carregando para dimensões lisérgicas. “sake sake sake” é simplesmente SENSACIONAL, e podemos bastante creditar também a produção do super-produtor cinco vezes vencedor do Grammy, Steve Dub (Chemical Brothers, The Prodigy, Daft Punk). ESSENCIAL!!!

 

 

 

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