O violão é o elemento que funciona como abre-alas. Solitário como um andarilho em uma estrada erma em pleno deserto banhado por uma paisagem poente, ele desfila uma delicadeza cabisbaixa, entristecida. Contudo, assim que a guitarra em efeito lap steel se pronuncia na forma de um uivo aveludado, o instrumento passa a ter a companhia constante de uma voz masculina de timbre fanhoso.
Sob uma interpretação lírica que acaba misturando sensos de tristeza e uma necessidade descabida de superação, de virada de página. Tal desejo de atitude, porém, é visivelmente ausente de equalização emocional, de fortalecimento interior, sendo, assim, motivado apenas por um agoniante instinto de desespero. Para dar um toque ainda mais dramático em tal despertar narrativo, o violino entra em cena com seu sonar doce e aveludado, mas cujo aspecto tremulante lhe dá um caráter choroso penetrante.
Com essa receita estrutural e contando com a parceria de Bart Topher, Daydreaming se matura como uma canção folk em que Backstrom, tal como foi observado em forma de presságio, traz um personagem embebido em uma necessidade evidente de superação em relação ao passado. E nesse processo, ele decide fazer as malas e seguir a vida em outro lugar, com outros ares e paisagens.
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